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Notícias / Ciência & Saúde

Má gestão em Cuiabá prejudica Saúde de todo MT segundo diretor

Da Redação - Jardel Arruda

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde instalada na Assembleia Legislativa, Sérgio Ricardo (PR), descobriu, na tarde desta quinta-feira (4), mais uma das facetas da crise generalizada na qual o setor está imerso. De acordo com o diretor do Hospital Geral Universitário (HGU), Dr. Vander Fernandes, Mato Grosso possui capacidade física para ‘zerar’ as filas por cirurgias em um “prazo aceitável”, mas faltam recursos financeiros em consequência da má gestão realizada pela Prefeitura de Cuiabá.

Segundo Vander Fernandes, a gestão da capital procedeu à contratação de diversos prestadores de serviço sem a devida habilitação do Ministério da Saúde, o que impossibilita a comprovação dos gastos das verbas enviadas pela União. Dessa forma, segundo o diretor do HGU, fica configurada má gestão e os recursos destinados à cidade acabaram sendo reduzidos pelo Ministério.

“Já ouvi de vários gestores ministeriais que Cuiabá sofre com má gestão na Saúde”, afirmou Vander, durante sabatina da CPI. Como Cuiabá é referência estadual, todo Mato Grosso é prejudicado pela má administração municipal, a qual detém gestão plena de todos os recursos destinados a este setor, conforme o próprio Ministério da Saúde recomenda.

Com os recursos diminutos, o município teria passado a ter dificuldade de pagar pelos procedimentos médicos e passado a reprimir a demanda visando reduzir custos. Conforme Vander, é desta maneira que se formam filas desnecessárias, como, por exemplo, as de cirurgias cardíacas. “Se todas as equipes estivessem operando em capacidade máxima, seria possível ‘zerar’ essa fila em um prazo aceitável”, avaliou.

Entre os motivos que levam à má gestão pública, Vander citou a constante troca de secretários. Em Cuiabá, a média tem sido um secretário de Saúde diferente por ano.

Inviabilidade

O diretor Vander Fernandes salientou à CPI da Saúde que a falta de recursos para bancar os procedimentos médicos tem outra consequência além de aumentar as filas de espera: inviabiliza a continuidade do funcionamento dos hospitais.

Segundo o diretor do hospital, que é a principal referência em alta complexidade de Mato Grosso, como os hospitais passam por grandes períodos de ociosidade, o custeio da estrutura torna-se inviável. “Não adianta ter a estrutura montada e não manter a produção”, pontuou.

De acordo com ele, esse é um dos motivos do fechamento de muitos hospitais e também, em parte, a causa da crise pela qual passa o Hospital Universitário Júlio Müller. Quanto ao HGU, ele lembra que 50% da capacidade de atendimento já foi reduzida.

Fernandes defendeu a concentração dos atendimentos em grandes centros de referência, e usou a alegação de que todo pequeno hospital é deficitário por natureza. Para ele, não adianta construir uma unidade nova se quando pronta não houver como mantê-la.
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