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Venezuela estuda importar energia do Brasil

BBC Brasil

O governo ministro de Energia Elétrica da Venezuela, Ali Rodriguez Araque, anunciou, nesta quarta-feira, que o governo poderá comprar energia elétrica do Brasil e de outros vizinhos para conter a crise energética que mantém o país em estado de emergência no setor. Araque confirmou que o Brasil já ofereceu exportar energia aos venezuelanos. De acordo com a imprensa colombiana, Bogotá, que mantém uma crise diplomática com o governo venezuelano, também deve fazer uma oferta para o setor nesta quinta-feira.

"Não é bom atravessar o rio antes de chegar à ponte. Se houver qualquer oferta proveniente da Colômbia, nós vamos analisar, assim como estamos fazendo com a oferta que veio do Brasil", afirmou o ministro em entrevista coletiva em Caracas.

Ainda de acordo com Araque, a exportação de cerca de 80 megawatts da Venezuela para o Brasil poderia ser suspensa e, no seu lugar, os venezuelanos importariam eletricidade brasileira.

Há duas semanas, uma equipe técnica do ministério de Minas e Energia esteve na Venezuela para avaliar a crise e propor alternativas de cooperação no setor. No encontro, foi estabelecida a viagem de uma equipe venezuelana para o Brasil para coordenar um plano para enfrentar a crise.

Emergência No início do mês, o governo da Venezuela decretou estado de emergência elétrica em todo o país, medida que permite ao Executivo dispor de recursos para a compra de energia elétrica tanto dentro como fora do país sem a necessidade de trâmites de licitação.

O governo promete injetar pelo menos US$ 4 bilhões no setor elétrico com o objetivo de incrementar pelo menos 4 mil megawats ao sistema de eletricidade neste ano, dando maior peso na construção de termoelétricas.

Considerada como uma das piores secas das três últimas décadas, a represa que abastece a hidrelétrica do El Guri, responsável por 70% da geração de energia do país, perde diariamente 13 centímetros de água.

Multas para desperdício A crise levou o governo a endurecer a aplicação do plano de racionamento, anunciado no início do mês, que estabelece multas de entre 100% a 200% no valor da conta para os venezuelanos que não economizarem energia.

Essas sanções deverão se extender também para o consumo de água. De acordo com um decreto que entrará em vigência dia 1º de março, o governo poderá multar os consumidores que não adotarem o plano de racionamento vigente desde o ano passado.

A nova regra determina que o metro cúbico de água poderá custar de três a cinco vezes mais para os venezuelanos que optarem por não fechar as torneiras.

" Aquelas pessoas que não se importarem em o pagar o excesso e continuarem desperdiçando água, se cortará o serviço (de abastecimento) ainda que tenham a conta em dia", afirmou Alejandro Hitcher, ministro de Ambiente e presidente da estatal hidráulica Hidrocapital, em entrevista ao jornal local Últimas Notícias.

O governo argumenta que a crise, que tem afetado sua popularidade, se deve à severa seca provocada pelo fenômeno El Niño, ao mesmo tempo que responsabiliza os consumidores pelo "desperdício" tanto de eletricidade como de água.

Já a oposição responsabiliza o Executivo, ao afirmar que a crise é consequência de faltas de investimentos no setor.

A crise energética e hidráulica ocorre em um ano considerado decisivo no campo político, quando os venezuelanos irão às urnas definir a nova composição do Parlamento, hoje controlado por maioria chavista.
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