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Por que tanta gente sente dores no joelho?

Uol

Desde bebezinho, a criança mexe as pernas, dobrando e esticando os joelhos. Talvez este seja um dos movimentos mais precoces do ser humano. Depois, ao engatinhar, esfrega os pobres no chão. Quando finalmente vira bípede, o peso do corpo passa a agir sobre essa articulação, gerando uma carga a mais. Aí vêm os esportes, o sobe e desce de escadas, o sobrepeso.

Não é a toa que a articulação está entre aquelas que mais sofrem no corpo. São várias as lesões que podem afetar o joelho, tanto as traumáticas, causadas por tombo ou esporte, quando as degenerativas, resultado de alguma doença. O ortopedista Mario Ferretti, doutor em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP) Albert Einstein, em São Paulo, explica porque o joelho sofre tanto, e quais são os principais tratamentos.

Mario Ferretti: Dos membros inferiores, o joelho é a articulação que mais permite mobilidade, por ter uma extensão grande de movimento. Além disso, colocamos muita carga sobre ele, que pode ser resultado de esportes ou de sobrepeso. Quando um desses fatores se une a uma musculatura enfraquecida, aparecem os problemas.

Quais são os problemas mais comuns?

São de dois tipos: degenerativos e traumáticos. A osteomalácia e a osteoartrite são exemplos de doenças degenerativas, que costumam aparecer depois dos 50 anos. Entre as lesões traumáticas estão a do ligamento cruzado anterior e as do menisco. Muitas vezes, se há uma lesão degenerativa, basta um trauma pequeno para comprometer o joelho.

Que fatores provocam as lesões degenerativas?

Idade, sobrecarga. A qualidade do tecido diminui, da mesma forma que a pele perde o vigor e o cabelo fica branco. O joelho não gosta de extremos. O sedentarismo acelera o surgimento dos problemas, assim como a sobrecarga

Quando um paciente chega ao seu consultório, dizendo que está com dor no joelho e que não sofreu nenhum trauma, como começa a investigação?

O primeiro passo é conhecer a história clínica, para saber se há uma degeneração. Ou seja, peço para o paciente me contar onde e em que situações a dor aparece. Depois, parto para o exame físico, que inclui: olhar se o joelho está inchado, se está vermelho, quente, sinal de inflamação ou infecção.

Depois vem a inspeção dinâmica, que envolve mexer na articulação, ver se a patela sai para o lado, verificar se o joelho é voltado para dentro (varo) ou para fora (valgo). Faço também uma apalpação dos pontos que podem vir a causar dor, como os tendões e o menisco, e realizo manobras específicas, empurrando a patela para o lado, testando os ligamentos, para ver se estão rotos. Depois do exame físico completo, parto para um exame radiológico: a radiografia. Se for necessário, prescrevo uma ressonância, que pode mostrar o grau de lesão de uma cartilagem ou de uma degeneração do menisco.
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