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Casa de swing na zona sul de São Paulo é alvo de pedradas

Folha Online

Moradores da região da Berrini, um dos mais importantes centros empresariais de São Paulo, no Brooklin Novo, andam em pé de guerra com um novato estranho à realidade do bairro, como dizem ver.

Desde a inauguração há alguns meses, a casa de swing Shadows Club, que promove troca de casais, tem tirado o sono da vizinhança. As reclamações são de barulho na madrugada, algazarra na rua, circulação de mulheres seminuas nas calçadas e concentração inédita de prostitutas nas redondezas, atraídas pelo negócio.

A confusão foi parar na polícia, virou um inquérito civil no Ministério Público e rendeu um processo administrativo por falta de alvará na Subprefeitura de Pinheiros.

Registrada como "bar noturno, choperia e lanchonete" na Junta Comercial, a casa recebeu duas multas por não ter licenciamento, uma delas de R$ 5.031, na semana passada, e também foi autuada pelo Psiu.

As versões dos moradores e do dono do lugar são tão divergentes quanto contraditórias. De um lado, os vizinhos dizem não ter sossego à noite pelo barulho constante. Do outro, a Shadows diz ter investido em isolamento acústico e reclama de chantagem para que os sócios comprem as casas do lado.

"Só consigo dormir com Lexotan e tampão de ouvido", diz a advogada Kátia Dearo, 48, vizinha de frente à boate. A casa de swing abre de quarta à sábado das 22h às 5h da manhã.

"Não temos nenhuma pretensão moralista nem nada a ver com o que fazem lá dentro. O problema é a bagunça na minha janela", diz o economista Cláudio das Chagas Rosa, 48.

"A partir das 20h o quarteirão inteiro vive em função da prostituição. O bar da esquina virou um ponto de encontro de garotas de programa, que ficam esperando na esquina", reclama o engenheiro Walter Furlan, 54, vizinho de muro.

Sem calcinha

A discussão pegou fogo quando a boate promoveu uma festa recente: a noite das sem-calcinha. Para entrar, reclamam os moradores, a mulherada tinha de mostrar aos seguranças -e a quem quisesse ver- que não vestiam forro debaixo da saia.

Depois disso, a casa de swing foi apedrejada (versão confirmada pelos dois lados). Uma cliente foi atingida na cabeça.

"O problema é a poluição sonora. A questão da atividade é com a subprefeitura. Exercer as prostituição não é crime, a prática do swing não é crime, mas a exploração da prostituição, sim. Como dizem que é isso o que ocorre, mandei uma cópia do inquérito para a promotoria criminal. Diz que há pessoas que saem quase nuas na rua, mas isso é caso de polícia", diz a promotora Cláudia Fedeli.

Uma das saídas encontradas pelos moradores foi instalar, a R$ 2.000, janelas antirruído. "Os vidros da minha casa também são à prova de balas e ainda assim escuto barulho", diz a vendedora Luciana Prota, 51.
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