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Vira-vira: Inter quebra tabu e estreia com vitória suada na Libertadores da América

Globo Esporte

Se faltou futebol, qualidade, organização, sobrou raça, entrega, dedicação. Foi no suor dos jogadores e na força da torcida que o Inter quebrou o tabu de nunca ter vencido em estreias na Taça Libertadores e despachou o Emelec de virada, por 2 a 1, na noite desta terça-feira, no Beira-Rio. Os gols foram marcados por Nei e Alecsandro.

Com claros problemas de articulação, o time foi empurrado no segundo tempo por uma torcida inflamada, composta por quase 40 mil pessoas, na estreia do goleiro Pato Abbondanzieri. O Emelec saiu na frente, mas o Colorado virou com um golaço de Nei e com Alecsandro, nos minutos finais do jogo.

O resultado deixa o Inter na segunda colocação do Grupo 5, atrás do Cerro, do Uruguai, no saldo de gols. O time de Jorge Fossati volta a campo pela Libertadores no dia 11 de março, na altitude de Quito, contra o Deportivo.

Sem articulação

O Inter viu seu futebol trancafiado a sete chaves por um problema conceitual no primeiro tempo: ter 11 jogadores em campo e apenas um articulador. Para manter o sistema de três zagueiros, o técnico Jorge Fossati optou por ter somente um atleta de criação no meio. É pouco. Giuliano, o encarregado da vez, ficou ilhado em um amontoado de adversários. E o Inter foi uma equipe de produção ofensiva quase nula.

O sistema de Fossati exige a presença constante dos alas no campo de frente e a movimentação do segundo atacante – no caso, Edu. Aí esteve outro problema. Nei até apareceu repetidas vezes no ataque nos primeiros 45 minutos, mas sempre com o mesmo resultado: erros, erros e mais erros. Foi muito mal - mas teria a recompensa no segundo tempo. Na esquerda, Kleber esteve sumido. E Edu pouco se mexeu.

Assim, restou ao Inter atacar com eventuais jogadas individuais dos atletas mais ativos – Bolívar, Sandro, Giuliano e Alecsandro –, com bolas altas e com uma ou outra tabela, sempre envolvendo o centroavante. As raras chances de gol da equipe vermelha na etapa inicial foram resumidas a chutes de longe de Giuliano e Alecsandro, ambos por cima, e a um cabeceio perigoso de Bolívar.

O Emelec se agarrou com unhas, dentes e o que mais fosse preciso à ideia de empatar o jogo. Sempre que pôde, matou tempo, demorou a cobrar laterais, foi ao chão simulando lesões. De produtivo, teve alguma correria ofensiva, nada capaz de assustar o goleiro Pato Abbondanzieri. O estreante da noite pouco participou do primeiro tempo.

Virada vermelha!

Sabe o Nei, aquele que errou tudo que tentou no primeiro tempo? Pois veio o intervalo, começou a etapa final, o Inter levou um gol e de repente a bola caiu nos pés do lateral. Ele avançou, olhou para o gol e parece ter pensado: “Não custa nada arriscar”. Sábia decisão. Quando o Inter mais sofria, quando a derrota parcial de 1 a 0 tanto incomodava, o jogador acertou um chute raro. A bola alçou voo, ganhou velocidade e viajou até seu ponto de chegada: o ângulo do goleiro Elizaga. Golaço.

Eram sete minutos. Antes, aos três, o Emelec abrira o placar. Com a zaga colorada completamente desorganizada, Rojas avançou e acionou Quiroz. Cara a cara com Abbondanzieri, ele tocou na saída do argentino e deixou o Beira-Rio assustado. Se o primeiro tempo foi ruim, o segundo começava ainda pior.

Sorte que Nei, logo depois, resolveu arriscar aquele chute. A entrada da bola no gol equatoriano foi seguida, quase imediatamente, por um aguaceiro no Beira-Rio. Um pouco pela chuva e muito por causa do gol, a torcida entrou em surto nas arquibancadas. Aos pulos e aos gritos, mandou o aviso: era vencer ou vencer. Quando Guiñazu deu um daqueles carrinhos que fazem o adversário pensar em mudar de profissão, a torcida ficou ainda mais inflamada.

O gol da virada demorou. Mas saiu. Fossati mandou Taison, Walter e Andrezinho a campo. E deu certo. Aos 42 minutos, o Colorado tramou boa jogada ofensiva. Walter recebeu na área e acionou Alecsandro, livre. O camisa 9 fez o que o número que carrega exige: mandou para o gol. Era a vitória vermelha.
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