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Africanos são resgatados no alto-mar em Alagoas

UOL

Dois africanos de Guiné-Bissau, na costa ocidental do continente, foram resgatados na manhã deste sábado (27) em alto-mar por uma pequena embarcação de pescadores em Maceió (AL). Eles foram trazidos para o porto da capital alagoana, onde receberam os primeiros atendimentos médicos. Outro africano que fugiu junto com a dupla teria morrido na embarcação, segundo relato dos próprios imigrantes.

De acordo com os agentes portuários, os dois viajaram por cerca de oito dias escondidos no leme de um navio de carga. As autoridades investigam se eles vieram em uma embarcação vietnamita que transportava cimento para o Estado. Ao avistarem a costa alagoana, eles pularam no mar, a cerca de cinco quilômetros) do continente.

Segundo o pescador Tiago dos Santos, que comandava a embarcação que resgatou os africanos, os dois estavam muito debilitados e aparentavam estar se afogando. “Eles acenaram e nós vimos e resgatamos eles, que estavam já se afogando”, contou Santos, que voltava de uma pescaria em alto-mar.

Os africanos relataram às autoridades portuárias que estavam há cinco dias sem comer ou beber água. Eles chegaram sem documentos de identificação e informaram que deixaram a África para escapar da guerra civil que atinge o Guiné-Bissau.

No início da manhã, eles foram atendidos por uma viatura do Samu (Serviço Ambulatorial Médico de Urgência). Os imigrantes apresentavam quadro de hipotermia. Eles fizeram uma alimentação leve, tomaram medicação e foram enrolados em cobertores térmicos.

Por serem estrangeiros de área de risco e de entrada ilegal no país, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Polícia Federal foram acionadas.
O fiscal da Anvisa, Célio Santos, informou que um dos imigrantes ilegais não conseguiu chegar com vida ao país, mas não explicou o motivo. “Vieram três africanos, mas um deles teria morrido há cerca de quatro dias. Vamos encaminhá-los ao setor de imigração da Polícia Federal”, disse, ressaltando que Guiné-Bissau é considerada área de risco para doenças como a febre amarela.

Após se recuperarem da hipotermia, os dois serão levados para o Hospital Escola Hélvio Auto – especializado em tratamente de doenças tropicais - para exames complementares. Em seguida, ficarão à disposição da Polícia Federal. Eles vão responder a processo por entrada ilegal no Brasil e devem ser extraditados de volta ao país africano.

Um dos africanos que chegou a Maceió se identificou como Mohamed e disse que não tem pai nem mãe, mas deixou um filho em Guiné-Bissau. Já o outro não conseguiu falar por estar mais debilitado.

Mohamed explicou que fugiu de navio para escapar da guerra civil e ter oportunidade de uma vida melhor. “Se me derem ajuda, quero ficar aqui”, disse, enquanto recebia atendimento médico.

Independente de Portugal desde 1974, Guiné-Bissau possui 1,7 milhão de habitantes, fica na costa africana e é um país marcado pelos conflitos de etnias. O país – que tem como língua oficial o português – é um dos mais pobres do continente, com expectativa de vida de apenas 49 anos.
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