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Ideias de Darwin refundaram a ciência natural

G1

A teoria da evolução de Charles Darwin alterou para sempre os rumos da ciência. Mas ainda é mal compreendida.

Para Darwin, a evolução não pára. O ser humano não é a espécie e sim mais uma espécie. O homem não foi a única espécie que evoluiu.

Este pensamento recebeu críticas daqueles que colocavam a humanidade no centro do universo.

Hoje, a genética comprova o que Darwin disse. Veja como se dá essa seleção das espécies.

No século 19, vários naturalistas europeus estudavam o processo de evolução da vida, mas nenhum deles foi tão longe quanto Charles Darwin. Por quê?

“O conceito de evolução que existia antes de Darwin era criacionista. A primeira ruptura de Darwin foi romper com a idéia de que deus havia criado um número fixo de espécies e que elas teriam permanecido até seus tempos como tais”, explica a bióloga Sandra Selles, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A base da teoria da evolução de Darwin é a seleção natural das espécies, que explica como estruturas simples se tornaram seres complexos ao longo de milhões de anos, enfrentando os desafios da sobrevivência.

Um exemplo da evolução está no grupo dos artrópodes, animais que estão na Terra há mais de 500 milhões de anos e fazem parte do nosso dia-a-dia. Eles são invertebrados, com patas articuladas e uma carapaça protetora externa, que é o seu esqueleto.

Todos os artrópodes herdaram características de um ancestral comum, uma criatura cascuda que tem o corpo segmentado. Umas linhagens foram extintas, como a dos os trilobites. Outras estão por aqui até hoje. São escorpiões, aranhas, moscas, abelhas e até borboletas.

Os artrópodes responderam positivamente às três condições que Darwin considerava necessárias para a evolução pela seleção natural: a luta pela sobrevivência; o desenvolvimento de variedades e a hereditariedade.

“O conceito de seleção natural explica ‘A origem das espécies’, famoso título do livro do Darwin de 1859, sem nenhuma referência a alguma entidade sobrenatural. Ele explica, mecanicamente, como uma espécie pode se transformar em outra. Como populações de seres vivos, de espécies biológicas, com o passar do tempo e com as mudanças ecológicas e ambientais, podem se transformar em outras espécies”, afirma o biólogo Ricardo Waizbort, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O homem veio do macaco. Essa é uma confusão que se criou em torno de uma ideia que não era de Darwin. O que ele disse é que havia indícios de que homens e macacos tinham um ancestral comum que evoluiu com o tempo e se desdobrou em vários ramos diferentes. O do macaco tinha um um ramo e homem tinha outro.
Assim surgiu a árvore da vida, que Darwin esboçou na primeira edição de “A origem das espécies”. Essa árvore cresceu tanto que ficou parecida com um manguezal, cheio de novos ramos e troncos, que brotaram com a experiência de bilhões de anos de seleção natural.

Mas a teoria que revolucionou a ciência perdeu fôlego, porque Darwin não conseguiu provar como funcionava o mecanismo da hereditariedade. A teoria de Darwin renasceu com a descoberta da estrutura do DNA, a parte principal de cada célula, presente em todos os organismos vivos e que é responsável pela transmissão de informações de uma geração a outra.

“É a evolução que dá sentido à biologia. Hoje em dia, é praticamente impossível fazer medicina sem ter conceitos evolucionários. Ela toca tudo. Com a evolução, as coisas começam a se concatenar e você vê o mundo como um processo histórico que está se desenrolando”, observa o geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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