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Gasolina racionada e desvios dificultam viagens na região do terremoto no Chile

G1

Sem casa, quase sem comida e com pouca água, muitos chilenos que perderam tudo no terremoto que atingiu o país na madrugada do último sábado (27) cogitaram deixar suas cidades ou buscar ajuda em locais vizinhos. Mas, a restrição de venda de 17 litros de gasolina e as gigantescas filas fazem com que eles desistam. “Temos carro, mas com essas filas e com o racionamento, não dá nem para pensar em sair daqui. Não se sabe como estão as estradas e pode-se ficar preso no meio do caminho”, disse ao G1 a chilena Sandra Opitz, que perdeu a casa que a família tinha em Talca, capital da região de Maule.

Para uma viagem de 400 km, por exemplo, a grosso modo – e desconsiderando diferenças de volume de tanque e rendimento dos veículos –, um motorista precisaria ficar pelo menos três vezes na fila de combustível. Mas, feita a viagem, não teria como voltar ou como permanecer dirigindo na outra cidade sem pegar novas filas. Também não se pode ignorar, nessa conta, as várias paradas em desvios causados por estragos nas pistas. Corre-se o risco de ficar sem combustível no meio do caminho.

A reportagem do G1 tentou nesta segunda-feira (1) viajar de Santiago a Concepción, região mais afetada pelo tremor. Mas, ao chegar em Talca, a 250 km da capital, percebeu que não teria como seguir viagem sem uma boa reserva de combustível. O jeito foi voltar a uma cidade próxima de Santiago e comprar galões. Após uma noite em San Fernando, município pouco atingido pelo tremor e sem restrição de venda de combustível, viajamos na manhã desta terça-feira com reservas de gasolina no porta-malas.

A viagem tem que ser feita com cuidado, dirigindo devagar, e deve-se abastecer o carro com garrafas de água (difícil de encontrar mesmo nos mercados de San Fernando) e comida. As lojas de conveniência dos postos estão fechadas.

Às 9h desta terça, um posto da rodovia a caminho do sul tinha aproximadamente 200 carros na fila. Muitos eram empurrados pelos motoristas. A Ruta 5 é a principal rodovia chilena, espinha dorsal que liga o norte ao sul do país. Ela está danificada em muitos trechos, com pontes caídas e desníveis intensos. Muitos criticam a inexistência de rotas alternativas para transitar pelo país.
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