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Trabalhador rural é morto em comunidade tradicional no interior da Bahia

ABr

Ainda não há previsão sobre quando será liberado para enterro o corpo do trabalhador rural José Campos Braga, que foi assassinado na comunidade tradicional de Areia Grande, no município de Casa Nova (BA).

De acordo com o representante da associação de moradores da comunidade, Valério Rocha, Braga foi encontrado com dois tiros na nuca, na quarta-feira (4) em sua casa, que fica em Areia Branca, à beira da barragem de Sobradinho. A suspeita é de que ele tenha sido morto no sábado (31). Os moradores acusam pistoleiros de terem cometido o crime em função de conflitos sobre a posse da terra.

“Ele era um dos mais resistentes, era o único que morava permanentemente no local que eles mais queriam – que era na beira do Rio”, explica Rocha.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acompanha os conflitos desde que começaram, em 1980, com a instalação da Fazenda Camaragibe, de produção de etanol a partir da mandioca. De acordo com a agente da CPT Marina Braga em fevereiro do ano passado dois fazendeiros da região pagaram no Banco do Brasil as dívidas da Camaragibe, que faliu há mais de 20 anos e cujos donos abandonaram o local.

Desde então, a Justiça concedeu a posse das terras aos fazendeiros e os conflitos se tornaram mais violentos. Os moradores alegam que também têm permissão da Justiça para permanecer no local enquanto o assunto é discutido e querem que a terra seja considerada do Estado, para que eles possam tomar posse.

“No dia 17 de março de 2008, vários pistoleiros vieram e ameaçaram os moradores. E eles nunca deixaram de rondar a área”, conta Marina Braga.

Segundo ela, registros de ocorrências relacionadas a ameaças e intimidações aos moradores foram registrados na delegacia de Casa Nova, mas nenhum inquérito foi aberto. O delegado que atualmente é responsável pelo município assumiu o cargo há cerca de 5 meses e não foi encontrado para comentar o caso.

A comunidade, que fica distante cerca de 75 quilômetros da cidade, abriga 366 famílias que alegam ter chegado lá há mais de 100 anos. Eles plantam e criam gado, caprinos e abelhas.
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