O atacante Neymar passará um final de semana preocupante, já que na próxima segunda-feira, dia 22 de março, o jogador do Santos será julgado no Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD/SP) pela entrada dura no palmeirense Pierre. Após a notícia de denúncia à jovem revelação santista, na qual pode pegar até 18 jogos de suspensão, os torcedores do Peixe ficaram revoltados e muitos lembram da atitude do companheiro de Pierre, o meia Diego Souza, que no jogo entre as duas equipes, no ano passado, protagonizou cenas lamentáveis, e que terminaram sem punição em campo.

No último jogo do Palmeiras no Campeonato Paulista de 2009, o confronto ficou marcado não somente pela classificação do Santos no Palestra Itália, mas também por uma confusão entre Diego Souza e Domingos, zagueiro da Portuguesa que à época defendia o Alvinegro Praiano.

No duelo no dia 18 de abril, os dois jogadores trocaram cabeçadas e ofensas. Domingos havia acabado de entrar em campo, mas assim como o palmeirense, foi expulso pelo árbitro Sálvio Spínola Fagundes Filho. Não satisfeito, Diego Souza, já à beira do túnel para o vestiário, escapou das mãos dos companheiros que o conduziam e partiu em direção ao adversário, lhe aplicando uma rasteira.

O caso foi parar no TJD/SP. Diego Souza chegou a ser denunciado em três artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e poderia ficar suspenso por até três anos e meio. No entanto, a Procuradoria voltou atrás e ele respondeu “apenas” por agressão física e ato de hostilidade. Neymar também responderá por agressão, além de “atitude contrária à ética desportiva, desrespeitando membros da equipe de arbitragem”, pelos palavrões que disse e que ficam claros na imagem do lance.

Em julgamento no dia 18 de maio, sob risco de até 540 dias de suspensão, Diego Souza foi suspenso por oito jogos, que deveriam ser cumpridos em competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Como o Palmeiras havia encerrado sua participação, a pena ficou para ser cumprida no Paulistão seguinte. Porém, após um pedido de conversão de pena, no dia 4 de setembro de 2009 o presidente do TJD/SP, Ivaney Cayres de Souza, aceitou e converteu a pena em 100 cestas básicas, ao valor de R$ 50 cada, perfazendo um gasto total de R$ 5 mil. Pagas as cestas, Diego Souza ficou livre para jogar o Estadual paulista.

No caso de Neymar, o que conta a seu favor é o fato de ser jovem e primário, sem nenhuma expulsão anterior desde que se tornou profissional e, consequentemente, sem nenhuma passagem pelo tribunal. Assim, no pior dos cenários possíveis, em caso de condenação nos dois artigos a que responde, a expectativa é de pena mínima, podendo chegar a cinco jogos de suspensão. Caso isso ocorra, Neymar só poderia voltar a jogar no segundo jogo da semifinal.

Mas, como toda lei, sempre existe uma brecha. Mesmo em caso de suspensão, há dois artifícios que podem ser usados pelo departamento jurídico do Santos. Após uma possível pena, o clube pode pedir um efeito suspensivo para que Neymar continue jogando até que haja um julgamento em segunda instância, no Pleno do TJD/SP, onde as penas são, em geral, reduzidas. Além disso, depois de cumprida metade ou mais da suspensão, no caso em tela três jogos dos cinco, o clube pode pedir a conversão do restante dos jogos em cestas básicas.

No final das contas, Neymar pode, no máximo, ficar fora dos jogos contra Botafogo/SP, Monte Azul e São Caetano, voltando na última rodada da primeira fase, no dia 7 de abril contra o Sertãozinho. E com o Santos na liderança com 32 pontos, a classificação para a próxima fase já está bem encaminhada, o que faz um possível desfalque de Neymar ser minimizado. Além disso, uma suspensão não valeria para a Copa do Brasil.