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Famílias tentam retomar rotina após condenação dos Nardoni

Terra

Ainda sob os holofotes da imprensa e a curiosidade do público, as famílias Oliveira e Nardoni foram hoje alvos de homenagens e protestos, mas deram sinais de que querem retomar a normalidade no menor tempo possível.

Ao amanhecer, a antiga casa da família Nardoni tinha, nas paredes, a comoção provocada pelo julgamento de cinco dias que terminou com a condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá por homicídio triplamente qualificado. "Paz Isabella", dizia uma das pichações.

O pai de Isabella pegou 31 anos de prisão e a madrasta, 26 anos. O casal foi levado, ainda de madrugada, para os presídios onde estiveram nos últimos dois anos, aguardando a decisão judicial. Nas penitenciárias de Tremembé (a cerca de 130 km da capital paulista), os dois retomarão as atividades que faziam antes do julgamento, que incluem trabalho.

Nardoni está de volta à penitenciária Doutor José Augusto César Salgado (ou Tremembé I), que tem capacidade para 239 presos, mas abriga atualmente 283, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP). As atividades dos detentos passam por corte, costura, reforma de carteiras escolares e montagem de torneiras, além dos trabalhos nos setores de cozinha, lavanderia, marcenaria, barbearia e manutenção do prédio. Para cada três dias trabalhados, os presos recebem a diminuição de um dia da pena.

Anna Carolina cumprirá a sentença de 26 anos na penitenciária feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, que tem capacidade para 100 pessoas e população atual de 181 detentas. Ela trabalhou até agora na lavanderia da unidade.

Para a família da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, o dia foi de homenagens e entrevistas. Ela, o pai, a mãe e o tio falaram à imprensa. Em suas declarações, demonstraram satisfação com a decisão judicial sem deixar de salientar que nada diminui a saudade deixada pela menina.

"Não entendo de leis. Existe essa falha. A sentença foi dada, mas, apesar de tudo, minha filha não vai voltar. Não pude acordar hoje e dar um abraço nela. O vazio ficou", disse Ana Carolina Oliveira. "Ainda estou processando tudo que aconteceu. Acabou muito tarde ontem, ainda não tive tempo. Mas, a partir de segunda-feira, vou retomar a minha vida de novo".

É justamente na segunda-feira que as manifestações da população junto ao túmulo de Isabella Nardoni devem aumentar, conforme a expectativa da administração do cemitério Parque dos Pinheiros. Embora hoje algumas pessoas já tenham prestado homenagens à menina, é neste dia 29 que o assassinato dela completa dois anos.

O caso
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.
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