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Alencar defende que PT e PMDB lancem um único candidato ao governo de MG

Folha Online

Ao anunciar nesta sexta-feira (9) sua decisão de não disputar as eleições de outubro, o vice-presidente José Alencar (PRB) disse esperar uma solução sobre o impasse na base aliada governista para a disputa ao governo de Minas. Alencar defendeu que PT e PMDB lancem um único candidato ao governo por considerar que, sem o racha, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão sair vitoriosos no Estado.

"Com um palanque enxuto [da base], ganhamos as eleições de Minas de ponta a ponta, até as eleições proporcionais", afirmou.

Alencar disse que o seu candidato em Minas será o do "consenso" firmado entre os governistas. "Sou soldado, vou trabalhar para que haja unidade perfeita, para valer, com todo mundo engajado."

O vice-presidente era cotado para disputar o governo de Minas, numa candidatura que teria forças para reunir PT e PMDB em torno do seu nome. Sem Alencar, permanece a disputa entre os petistas Fernando Pimentel, ex-prefeito, e o ex-ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) pela vaga de candidato a governador. Além da briga dentro do PT, os dois travam com o ex-ministro Hélio Costa (Comunicações) a disputa para a indicação da base para o governo de Minas. Patrus defendeu a realização de prévias no PT para decidir sobre o candidato.

Alencar admitiu que, mesmo com a sua saída de cena nas eleições de Minas, a base aliada vai ter dificuldades para solucionar o impasse. "Não vai ser fácil resolver. Parece que estavam esperando a minha decisão, eu fico até com uma certa culpa", disse.

Além da candidatura ao governo do Estado, Alencar era cotado para disputar uma vaga ao Senado --ao confessar que o Legislativo era seu esperado destino. "Eu escolheria o mandato ao Legislativo, ainda que em Minas queiram que eu seja candidato a governador", revelou.

O vice ironizou a possibilidade de aliança da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), que disputa a reeleição --como defendeu a própria petista esta semana. Alencar classificou de "doença nova" a aliança batizada de "Dilmasia". "Isso é o nome de alguma doença? Parece, né?"questionou.

Saúde

O vice-presidente alegou razões de saúde para justificar a sua decisão de não disputar as eleições de outubro --já que enfrenta um câncer na região abdominal há mais de dez anos. Alencar disse que não poderia deixar o eleitor "em dúvida" sobre as suas condições físicas já que teria que se submeter à quimioterapia em plena campanha.

"Eu me sinto, confesso, curado. Estou muito bem, graças a Deus. O sucesso do tratamento é absoluto, mas eu continuo fazendo quimioterapia. Eu não sei se seria honesto colocar meu nome como candidato fazendo uma quimioterapia, porque eu não posso parar com a quimioterapia. É um processo de definhamento do tumor, mas ele ainda não desapareceu", afirmou.

Alencar disse que também atendeu a apelos da sua família para deixar a vida pública, mas negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha lhe pedido para permanecer até o final do governo --embora tenha se reunido ontem com o presidente antes de anunciar a sua decisão.

O vice-presidente decidiu fazer o anúncio com o argumento de que, na semana que vem, teria que se ausentar do país para não assumir a Presidência da República durante viagem internacional do presidente Lula --o que lhe tornaria inelegível em outubro.

Alencar negou, porém, que sua decisão tenha como objetivo impedir que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assuma o comando do país na ausência de Lula. Como Alencar não poderia assumir o cargo se fosse candidato assim como o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) --que postula a vice-presidência na chapa da pré-candidata do PT Dilma Rousseff --Sarney teria que ficar no cargo por ser o terceiro na linha sucessória. 'Isso não tem nada a ver', desconversou.
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