Imprimir

Notícias / Variedades

'Estou na infância da velhice', diz Caetano Veloso

R7

Para Caetano Veloso, o tempo ajuda a melhorar, a se renovar e a incorporar aprendizagens para seguir desfrutando de uma música que rendeu ao cantor o deu reconhecimento mundial e com a qual hoje se sente "na infância da velhice".

- Estou na infância da velhice. Sem querer, dediquei toda a minha vida à música popular e foi algo muito bom porque desde muito pequeno adorava cantar.

Caetano, de 67 anos, conta que quando era jovem tinha outros interesses, como a literatura e o cinema, mas que a música foi se impondo em sua vida com força.

Ele diz que se sente "agradecido", como "se uma mulher bonita o tivesse escolhido", e que, por isso, trabalha "como se não tivesse dado ainda tudo que ela merece".

O mais popular e reconhecido músico brasileiro contemporâneo mencionou o crescimento da música em espanhol nos Estados Unidos e a influência da brasileira, e disse que a entrada de sua obra no mercado americano não é um objetivo que o motiva.

- Não penso em ganhar ou perder espaço nos Estados Unidos, e sim, em poder fazer uma música melhor do que a que fiz até agora. Vejo o futuro de uma perspectiva mais brasileira, que não depende muito dos Estados Unidos.

Em relação ao restante do continente, ele diz que o "Brasil é um estranho e enorme país onde as pessoas falam português", o que o diferencia da grande onda hispânica ou do mercado latino que vem influenciando os Estados Unidos.

No entanto, a música brasileira conta com figuras como "Carmen Miranda, João Gilberto, Tom Jobim e Milton Nascimento" que são conhecidos e admirados por muitos em um país que fala inglês e que é o mais poderoso do mundo, e isso é muito valorizado por nós", completou.

Sobre as novas tendências musicais, Caetano diz gostar do "reggaeton e também do funk carioca", apesar de considerar um estilo "muito menos polido".

E em relação às novas gerações de músicos no Brasil, afirma que se deve prestar atenção tanto na cantora de samba e bossa nova Roberta Sá, como nas bandas alternativas Babe Terror e Rabotnik.

Pensa em Miami como um lugar em que há forte impacto da música latina e diz que em seu show, no teatro Fillmore de Miami Beach, espera encontrar muitos imigrantes hispânicos e brasileiros que vivem na cidade, mas também alguns "jovens americanos que me descobriram através de David Byrne, Beck, David Longstreth, Devendra Banhart e Panda Bear, que se interessaram pela minha música".

A apresentação em Miami tem também uma sensação especial porque é sua primeira visita aos EUA desde que o presidente Barack Obama, por quem sente um "particular afeto", chegou à Casa Branca.

- O look de Obama encanta tanto a mim como às minhas irmãs, porque se parece muito com nosso pai, que era um mulato elegante, com as orelhas de abano.

Caetano, que valoriza as conversas iniciadas por Washington com a Rússia para reduzir os arsenais nucleares e o possível fechamento de Guantánamo.

- Os Estados Unidos não podem apagar no Afeganistão as mentiras do Iraque.
Imprimir