Imprimir

Notícias / Mundo

Hamas diz rejeitar trégua se Israel não suspender bloqueio a Gaza

Folha Online

O líder do Hamas, Khaled Meshaal, reiterou nesta sexta-feira em Damasco que o grupo rejeitará qualquer acordo de trégua com Israel que não inclua o levantamento do bloqueio físico e econômico sobre a faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico.

Em discurso no campo de refugiados de Yarmouk, no sul da capital síria, Meshaal explicou que sua organização "recebeu propostas vagas por parte do Egito, sem nenhum compromisso israelense de que suspenderá o bloqueio".

"Digo, irmãos, que não aceitaremos a trégua, a menos que inclua o fim do bloqueio, a abertura das passagens fronteiriças e a reconstrução de Gaza", afirmou o secretário-geral do escritório político do Hamas, que vive exilado em Damasco.

Israel mantém o bloqueio ao território palestino desde junho de 2007, quando o Hamas tomou o controle de Gaza ao expulsar as forças do grupo rival Fatah.

Além disso, Meshaal acrescentou que as facções palestinas envolvidas na resistência contra Israel buscam ser uma referência e um guia que permita abrir as portas da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para que represente todos os grupos.

"As instituições ou formações que vão contra a opção da resistência não têm legitimidade", afirmou Meshaal. "Não temos nada contra a OLP, mas suas instituições são ilegítimas".

Meshaal, desta forma, respondia ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, do Fatah, que há cinco dias disse, no Cairo, que "não haverá diálogo com os que rejeitam a Organização para a Libertação da Palestina", que, segundo ele, "é o único representante legítimo do povo palestino".

O líder do Hamas fez as declarações um dia depois que uma delegação do grupo deixou a capital egípcia sem alcançar um acordo para uma trégua permanente em Gaza, após uma rodada de negociações com as autoridades do Egito, que fazem a mediação entre Hamas e Israel.

Confisco de ajuda
O Hamas foi acusado nesta sexta-feira pela UNRWA (agência da ONU de refugiados palestinos) de confiscar toneladas de pacotes de ajuda humanitária destinados aos civis que moram naquele território. Por causa disso, a agência decidiu suspender a importação de ajuda humanitária.

Conforme a UNRWA, nesta terça-feira (3), a polícia do Hamas retirou "mais de 3.500 mantas e 406 pacotes de alimentos" do centro de distribuição do campo de refugiados de Chati. Nesta quinta-feira (5), o grupo, ainda segundo a agência da ONU (Organização das Nações Unidas), confiscou dez cargas de arroz e farinha.

O Hamas confirma os confiscos, realizados por meio do seu Ministério de Assuntos Sociais, e diz que os faz porque a ajuda deve ser para todos os palestinos, e não só para os refugiados.

Conforme a própria ONU, atualmente, 80% dos cerca de 1,5 milhão de palestinos que vivem em Gaza são completamente dependentes de ajuda humanitária. "Não podemos aceitar, sob nenhuma circunstância, o desvio da ajuda humanitária por uma das partes do conflito", disse o diretor de assuntos humanitários das ONU, John Holmes, nesta sexta-feira.

O porta-voz da UNRWA Chris Gunness afirmou que os estoques existentes em Gaza serão distribuídos, mas que as importações estão suspensas. "Há o suficiente para dias, mas não para semanas", disse. Terminará ainda o estoque das sacolas plásticas utilizadas para distribuir a ajuda humanitária.

Nesta sexta-feira, o porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum disse que a decisão da UNRWA de suspender as importações de ajuda é "injustificável" e acusou a agência de fazer uso político das "necessidades das pessoas" ao entregar ajuda a integrantes de grupos rivais ao Hamas. Barhoum pediu que a UNRWA "distribua a ajuda igualmente".
Imprimir