Olhar Direto

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Opinião

Rio de lágrimas

Inadmissível, ridículo, absurdo... adjetivos como estes permeiam minha mente desde ontem num 'flash-back' que, também, não desliga minha lembrança. Essa mesma ocorrência data dos anos 80. O cenário é o Rio Cuiabá, que a mais de três décadas, aos meus olhos, recebe os mais inimagináveis e pútreos dejetos. Era prazeroso quando menino, quando começava a neblinar, ir à praia do Coophamil observar os lambaris saltitarem por alimento. Me dava a impressão que era de felicidade, e quem sabe era?

Ontem fui ao São Gonçalo Beira-Rio à procura de peixes, para recepcionar parentes do Sudeste, e no início da chuva parei na pedreira para suscitar se, ainda, os lambaris fazem festa com a chuva e o que vi?

Gente confesso: chorei. Festa de lixo, lixo, lixo, carcaça de geladeira, máquina de lavar, capacetes, armação de móveis, geladeira, pneus e uma infinidade de dejetos não biodegradáveis. (postarei as fotos do ato no Facebook/Ubiratan Braga).

 O córrego que desemboca naquele trecho traz todo o fluxo pluvial dos bairros Real Parque; Santa Terezinha; Parque Cuiabá, Jardim Kennedy; São Gonçalo; Parque Geórgia e por fim no São Gonçalo Beira-Rio.

Aí eu pergunto? O que evoluímos nessa área até a festa dos 300 anos?

Há duas semanas atrás comemoramos o 'Dia Mundial da Limpeza'. Foram retiradas em um mutirão realizado no sábado (15) aproximadamente 15 toneladas de lixo, em ação do grupo de educação ambiental Teoria Verde. Parabéns por tentar chamar a atenção da sociedade para a importância da destinação final desse tipo de resíduo.

Muito já falamos para a utilização de ecos-pontos, na tentativa de reduzir os lixões clandestinos corroborando com a limpeza urbana da Capital; destinar a coleta seletiva para reciclagens até a harmonização da coleta convencional, mas...

Em tempo de campanha, que seria prudencial, mas clichê, falar de educação ambiental, nem isso tenho percebido. O que tenho visto são falácias e hipocrisias.

Diante do cenário e daquele 'repeteco', que conheço há décadas, cada vez mais desacredito nos poderes locais. Falta vontade política, falta respeito à fonte de alimento, falta carinho com a natureza, falta dignidade ambiental, falta zelo ao cartão postal de Cuiabá. Falta tudo, inclusive, amor às águas dessa terra e é por isso que falta o sagrado Peixe cuiabano.


Ubiratan Braga é jornalista, radialista e publicitário em Cuiabá 
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