Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Opinião

Ela tem força, ela tem sensibilidade, ela é guerreira

No mês de setembro de 2018, Graziela Gonçalves lançou seu livro “Se não eu, quem vai fazer você feliz? Minha história de amor com Chorão”. Os eternos admiradores da banda Charlie Brown Jr. ficaram ansiosos para ler e matar um pouco da saudade do vocalista Chorão. Ocorre que no decorrer de toda a história, eu só conseguia pensar: “Que mulher incrível” e gostaria de poder compartilhar com vocês um pouco de quem é Grazon, apelido dado carinhosamente por Chorão à sua musa inspiradora.

Graziela conheceu Alexandre antes mesmo dele ser o líder de uma das bandas de rock mais aclamadas pelo Brasil. Chorão era uma pessoa muito insegura no que fazia, mesmo que nós saibamos de toda sua genialidade para compor suas músicas, e era Grazon que o impulsionava e dava forças para que ele continuasse lutando pelo sonho de fazer o Charlie Brown crescer. Grazon que comprou o CD da banda Planet Hemp e fez o Chorão escutar o som que viria a influenciar mais tarde as músicas do Charlie Brown Jr. e foi ela que correu atrás de colocar a banda para abrir um show do Planet Hemp no Guarujá.

Com o pouco dinheiro que Grazon recebia no trabalho, ela ajudava Alexandre: “Muitas vezes eu almoçava só um cachorro-quente de um real, porque, vendo o momento delicado pelo qual o Alê passava, acabava lhe entregando quase todo o meu talão de vale-refeição para que ele pudesse comer” (GONÇALVES, Graziela; 2018; p. 74).

Grazon acompanhava Chorão nos shows e viagens, dava palpite nas músicas a pedido dele, organizava a agenda do músico e respondia os e-mails que os fãs o mandavam. Fora o fato de que ela nunca quis depender economicamente dele, sempre buscando sua própria independência, fazendo faculdade de moda e abrindo o próprio negócio.

Todos nós sabíamos que Chorão tinha uma personalidade forte, sendo Grazon a contemporizadora de tudo, aquela que tentava resolver, na base do amor que tinha por ele, as brigas em que o músico se envolvia. Eis um dos inúmeros bilhetes que ele deixou à sua amada: “Ela trouxe-me confiança, novamente paz. E uma nova chance. Esteve ao meu lado. Me ajudou. Me inspirou. Me aceitou. Perdoou. E me fortaleceu. Todas as vezes que não estava bem” (GONÇALVES, Graziela; 2018; p. 211).

Porém, a pior fase de Chorão foram os seus últimos três anos de vida, em que ele se tornou usuário de cocaína. E também foi a pior fase de Grazon. Pois foi ela que incontáveis vezes pediu para que o Alê procurasse ajuda, até mesmo o levando a consulta com psiquiatra, mas infelizmente nosso ídolo não estava apto a querer ser ajudado, afinal já estava dependente daquele terrível vício. Nisso, Chorão saiu de casa, e meses depois faleceu em março de 2013, deixando não só Grazon viúva, mas todos nós órfãos das suas músicas.

Grazon foi a grande musa inspiradora de Chorão, onde maior parte das músicas de amor que conhecemos foram escritas para ela. Ao ler o livro, conseguimos ao mesmo tempo ouvir na mente toda a trilha sonora de Charlie Brown Jr. e entender o porquê aquele gênio da música dedicou tantas poesias a Graziela.

 Recomendo a leitura a todos e todas as fãs de Charlie Brown Jr. mas também aos que querem reconhecer que o protagonismo por trás de todo esse sucesso não foi só de um homem, mas também de uma mulher que hoje pode contar sua linda história de amor e dedicação à uma de nossas bandas de rock preferida.

“O tempo às vezes é alheio à nossa vontade, mas só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível”. Obrigada, Chorão! Obrigada, Grazon!
 

Michelle Leite de Barros é Advogada em Cuiabá-MT.
                         
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