Olhar Direto

Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Opinião

Pé torto congênito

O pé torto congênito, conhecido na área médica como pé equinovaro, é uma má-formação que pode ser dividida em unilateral (um pé acometido) ou bilateral (os dois lados). É, na área ortopédica, uma da más-formações mais comuns. 

É estimado que mais de cem mil bebês nascem com o pé torto todos os anos no mundo. Sendo a maioria nos países em desenvolvimento. Grande parte dos casos não é tratada ou é tratada de forma inadequada. Sendo assim, esse indivíduo sofre uma séria incapacidade física, que, quando negligenciada, além de tudo, padece pelas cargas psicológicas, sociais e financeiras, causadas em familiares e na sociedade.

A maior preocupação dos pais é ficar se massacrando e se questionando se fizeram algo de errado, e por isso, causaram essa moléstia na criança. Sabemos que as causas do pé torto congênito são totalmente desconhecidas, mas parecem ter relação com o desenvolvimento na 12ª semana de gestação, tornando-a uma doença de desenvolvimento e não "congênita". Há um pé classicamente igual, porém mais flexível e sem alterações ósseas e de partes moles do pé torto congênito, que deve ser minuciosamente avaliado pelo ortopedista para seu tratamento e acompanhamento. Estamos falando do pé torto posicional.

Utilizamos o método de Ponseti no tratamento de manipulações gessadas seriadas, com crianças que exijam critérios para tal procedimento (aproximadamente 85%). Esse método baseia-se em correções gessadas seriadas com a utilização de gesso moldado em região de membro inferior da criança, até uma angulação ideal, para, no final, se houver necessidade, realizarmos tenotomia (secção do tendão calcâneo) com melhora do equino. Essa que é a última deformidade corrigida.

Após o uso do gesso e da tenotomia, utiliza-se o gesso por mais três semanas e, na sequência, órtese de abdução dos pés, que deverá ser utilizada com orientação do ortopedista fielmente, pois no pé da criança há uma memória biológica, e se não houver o uso da órtese, os pés voltam a se deformar. Por isso, a criança deve utilizá-la por 2 a 4 anos, dependendo da gravidade do pé torto e da avaliação do ortopedista.

Se o tratamento feito pelo método de Ponseti for empregado de forma correta, a chance de recidiva é menor que 5% e não haverá sequelas como dores crônicas. A criança irá andar e se desenvolver normalmente, sabendo que o pé torto pode ter alterações nas panturrilhas mais finas e pés um pouco menores que o habitual, porém esteticamente aceitáveis.


Dr. Leonardo Lotufo Bussiki é médico ortopedista e traumatologista, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, regional Mato Grosso (SBOT-MT)

 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet