Olhar Direto

Sexta-feira, 10 de maio de 2024

Opinião

O epicentro da crise brasileira

Divulgação

As pessoas estão perguntando até onde vai a crise brasileira. Temos o chavão do então candidato a deputado pelo estado de São Paulo, o comediante Tiririca que é: “pior do que está não fica”. Ficou e ainda vai piorar. Não há adivinhação; o que temos são evidencias forte de que ainda não chegamos ao chão firme do fundo deste poço para em seguida reiniciarmos a escalada. Neste texto tento fazer um recorte (seletivo, segundo a visão dos governistas) contando a partir da implosão do modelo vigente e a agonia que segue, e ainda vai seguir, por mais um tempo. Indefinido? Nem tento.
 
Com o fim do regime militar veio o governo transitório. Improvisado (José Sarney), mas que cumpriu o objetivo de dar condições para escrever uma nova Constituição e convocar eleições diretas, o que ocorreu ao final da década de 80 e inicio da década de 90 do século passado. Nosso marco é o Governo Collor, que tem por mérito a abertura do mercado brasileiro, nos conectando ao mundo globalizado. Não concluiu o mandato por questões de envolvimento em alto grau de corrupção e a consequência foi seu impeachment.
 
Itamar Franco, cujo nome não era conhecido e a história insiste em não dar o devido valor a sua curta gestão, mas o mais significante mandato no pós regime militar. Conseguiu agregar um conjunto de partidos e pessoas bem intencionadas que proporcionou a criação do “Plano Real” e em torno deste todos os outros fatores agregadores, que é o modelo político/econômico ainda vigente no país; muito eficiente em um determinado período. Tanto que em função disso elegeu Fernando Henrique Cardoso duas vezes e mesmo quando Lula chegou no poder e ficou por lá oito anos teve como grande mérito dar continuidade ao modelo.
 
Com o fim da primeira década e o início da segunda década deste século (2010), o modelo político/econômico vigente já tinha vencido (fim do governo Lula e início do governo Dilma). Só que a política e o político brasileiro não construiu um plano além do velho modelo já conhecido. Vamos lembrar: na campanha eleitoral de 2014 ninguém tinha nada a mostrar. A campanha foi fundamentada no que já tinha acontecido (passado) e em invenções “marketodológicas” surreais (mentira) por falta do que dizer de novo. Nenhum candidato tinha algo novo e atraente para propor.
 
A vitória da então candidata Dilma se dá em cima dos comparativos, oito anos dos governos FHC/Aécio versus os doze anos dos Governos Lula, duas vezes, e Dilma. O resultado deu o óbvio. Não por aquilo que foi feito na campanha, mas pela soma dos feitos ao longo do tempo. Em 12 anos se constroem mais que em oito anos, levando em consideração que o modelo é exatamente o mesmo.  
 
Lembrando que o estupor já tinha acontecido em junho de 2013, na famosa passeata do período da Copa das Confederações. O “furúnculo” estava aberto e vazando, mas por que mesmo assim a presidente Dilma foi reeleita em 2014? Porque nem ela e nem a oposição ao governo dela apresentaram algo novo, algo para o futuro. Vou repetir: a campanha, na cabeça do eleitor, foi a comparação dos feitos do passado somada as mentiras dos marqueteiros. Venceu quem tinha mais tempo de “jogo”, não porque foi melhor. No mesmo modelo vence quem fica mais tempo em campo, pois tem mais possibilidades de construir mais obras (físicas ou sociais).
 
Dilma venceu as eleições, mas não tinha e ainda não tem nada para apresentar de novo (a oposição também não tem). A barco está à deriva e o tempo está nublado. Não enxergamos nem o sol nem lua e a bússola sumiu. O pior é que neste barco estão os governistas, os indecisos e os oposicionistas. A solução está na política, mas não necessariamente nas pessoas que ocupam os cargos estratégicos da política partidária e dos graduados do Judiciário.
 
Destituir o governo Dilma (já em curso) até pode ser um paliativo necessário, um entreposto entre o passado e o futuro, mas não será o fim da crise. Pode marcar o fim de um ciclo e o início de outro. O futuro do país não está dentro do atual judiciário (STF), do legislativo ou do executivo que ocupam as cadeiras. O epicentro tem tudo para ser nos meses de setembro e outubro de 2016, mas a solução para a construção de um novo modelo eficiente está nas mãos de mulheres e homens que tem hoje menos de duas década de vida. Ou seja, a solução está nas mãos do futuro e talvez fora dos palácios encastelados de formalidades e tradições.
 
 *João Edisom de Souza é professor universitário em Cuiabá e Cientista Político
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