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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Opinião

O Marechal e sertanista Rondon

A história de sua vida poderia ser um grande fracasso, eis a prova de que através de uma força interna inabalável e determinação, apesar da humílima origem, tudo supera, conquistando honrarias singulares em nível nacional, internacional, e sacrado no Panteão dos Heróis da Pátria !

Nascido em Mimoso no dia 5 de maio de 1865 – início da Guerra do Paraguai, possuía predominante origem indígena, sendo os seus bisavós ː paterno Guará / maternos Boróro e Terena. Filho de Cândido Mariano e Claudina Lucas Evangelista, seu pai faleceu sem conhecer o filho,  logo mais tarde perderia também sua genitora !!!  Em 1873 Cândido Mariano da Silva, foi levado por seu tio Manuel Rodrigues da Silva Rondon, que era Capitão da Guarda Nacional, para Cuiabá.   Por gratidão, ele acrescentou o sobrenome Rondon, em homenagem ao seu bom tio que o educou.

Inicialmente ingressou na Escola Mestre Cruz, no ano posterior na escola pública Prof. João B. de Albuquerque, em 1879 entrou para o Liceu Cuiabano, formando-se professor em 1881. Neste mesmo ano foi para a Escola Militar no Rio de Janeiro, alistando-se no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo, pois além dos estudos serem gratuitos, os alunos assentando praça, recebiam o soldo de sargento. Nessa escalada em 1884 é matriculado na Escola Militar da Praia Vermelha, faz o primeiro curso de matemática, e foi apresentado ao positivismo através Benjamin Constant. É promovido em 1888 a alferes aluno, e matricula-se na recém criada Escola Superior de Guerra, realizando estudos de Ciências Físicas e Naturais. Juntamente com B. Constant, surge como abolicionista e participam de articulações que resultaram na proclamação da República Brasileira.

Forma-se em 1890 Bel. em Ciências Físicas e Naturais na Escola Superior de Guerra, alçado a 2º Ten. de artilharia, professor de Astronomia, Mecânica Racional, Matemática Superior. Sendo designado para a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia, uma semana após, é promovido a 1º Tenente pelos serviços durante a proclamação da República. Agora já oficial reconhecido, estava apto a iniciar a venturosa carreira que o futuro lhe propiciou.

Entre 1892 e 1898 ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, ainda uma estrada ligando Cuiabá até Goiás. Veio a casar-se em 1º de fevereiro de 1892, e a 6 de março parte para Cuiabá com a esposa, para atender estas ordens. Celebrou núpcias com a Sra. Francisca Xavier, da união vieram 6 filhas em 1 único filho homem. 

O governo republicano preocupado com a região Centro-Oeste, isolada dos grandes centros, com extensa fronteira, decidiu melhorar as comunicações construindo linhas telegráficas. C.M.S.R. cumpriu a missão abrindo caminhos, desbravando sertões, lançando linhas telegráficas, realizou mapeamentos do terreno e particularmente estabelecendo cordiais relações com os índios. Fez aproximação com muitas tribos, entre elas os Boróros, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariqueme, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurapé; despontando o indigenista ! Chefiava na época 20 soldados, findo a missão volta ao Rio e assume docência na Escola Militar.

Sendo nomeado Chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso, agora constrói entre 1900 e 1906 as ligações telegráficas até Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e Bolívia. Nesse mesmo ano, encontrou as ruínas do Forte Príncipe da Beira, uma relíquia d’atual Rondônia. Em 1907, estando no posto de Major do Corpo de Engenheiros Militares, recebe tarefa penosa, construir nova linha, ligando Cuiabá até Santo Antônio do Madeira ... a primeira da Amazônia !!! Os trabalhos desenrolaram-se até 1915, a missão foi nominada "Comissão Rondon", neste período construíam a E.F. Madeira Mamoré – Ferrovia do Diabo, por força do Tratado de Petrópolis 1903. Realizou ainda, expedições com foco de explorar a amazônica, obtendo repercussão internacional.

O Presidente Nilo Peçanha em 2 de março 1910, convida Rondon para assumir a chefia do Serviço de Proteção ao índio que estava sendo criado.  Foi atingido por uma flecha envenenada dos índios Nhambiquaras em setembro de 1913, salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda. Fazendo valer seu lema, "Morrer se preciso for, matar um índio nunca", não houve revide algum.

Recebeu em outubro, telegrama convocando-o sua ida ao Rio visando deliberar junto aos ministros da Viação, Guerra e do Exterior, a cerca de uma exposição conjunta à Amazônia, parceiro de Theodore Roosevelt, presidente americano ! Ele sugere explorarem o rio da Dúvida. Ainda em 1913, já coronel, acompanha a expedição com o antigo presidente dos Estados Unidos. Partiram em 21 de janeiro de Cáceres - MT, era a Expedição Científica Rondon-Roosevelt. Coletaram e registraram espécies da avifauna, outros animais - 481, mais a botânica; a incursão finda em 26 de abril de 1914 no encontro dos rios Aripuanã e Dúvida, agora rebatizado Roosevelt. Publicado no livro ... "Through the Brazilian Wilderness", algo tipoː Nas Selvas do Brasil, rsrsrs.

 O inquebrantável Rondon agora começa a colher os louros, também em 1913 veio a receber uma Medalha de Ouro por haver prestado 30 anos de bons serviços ao Exército Brasilero !

A Medalha Centenário de David Livingstone da Sociedade Geográfica Ameriana – 1918, no ano seguinte a Medalha do Explorers Club, e teve o nome inscrito em letras de ouro no Livro da SGA. Por fim, em 1919 promovido a Gal. de Brigada, agora diretor de Engenharia do Exército. Segue ...


Ubiratã Nascentes Alves, membro da AML - cadeira nº 1
ubirata100@gmail.com
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