Olhar Direto

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Opinião

Tecnologias socias sustentavéis de acesso a água de chuva , saneamento rural e eduacaçãp ambiental no alto pantanal

Ms.C. Samir Curi; Dra. Margarida Marchetto, Eng Agrº Ademar Shogi Okada
 
1. Introdução

No Pantanal Mato-grossense, problemas relacionados as áreas degradadas com perda da capacidade de nascentes, somado aspectos geológicos e geomorfológicos (Barros, 2010) tem causado falta de água para necessidades básicas, uma situação não esperada para uma das maiores áreas úmidas do mundo.

Na área de estudo, denominada de Pantanal do Corixo Grande, Cáceres – MT, a distribuição de recursos hídricos não é uniforme, apresenta-se desprovida de águas superficiais, existindo regiões com graves cenários de escassez, em quantidade, destacando os projetos de assentamento Jatobá, Nova Esperança, Bom Sucesso e Sapiquá, e em quantidade e qualidade os projetos Katira, Corixo e Rancho da Saudade. (BARROS, 2010).

De acordo com Curi, 2013, no município de Cáceres, região da fronteira com a Bolívia existem sete assentamentos da reforma agrária, cerca de 360 famílias e duas escolas do campo com cerca de 500 alunos que passam pela constante falta de água. O período seco corresponde a seis meses e a precipitação média da região é de 1.200 mm. As fontes de água, como o rio Jaurú estão distante cerca de 25 km, as águas dos corixos são contaminadas e a água subterrânea nesta região é de difícil captação pela questão geológica que não favorece. Acarretando baixa qualidade e altos custos para famílias de baixa renda. ( MARCHETTO M. et al, 2016)

A captação de água de chuva vai contribuir significantemente para resolver a escassez da água no futuro. Pelo menos durante três milênios, pessoas pelo mundo inteiro captam água de chuva para uso doméstico, para os animais e a agricultura. Com o advento de grandes e centralizados sistemas de fornecimento de água, a captação de água de chuva começou a ser negligenciada, apesar do uso intensivo de energia não renovável e de sérios problemas ambientais.

A captação de água de chuva pode ser tão simples como uma pequena barragem que impede a água escoar de uma ladeira ou tecnicamente avançada como um reservatório que capta água de chuva para beber ou para agricultura. (GNADLINGER, 2000) disponível em: http://www.iHYPERLINK "http://www.irpaa.org/colheita/indexb.htm"rpaa.org/colheita/indexb.htm

Na China reincentivou-se a milenar prática da coleta da água da chuva somente nos últimos 30 anos, a partir do famoso pronunciamento “863”, chamado assim porque é de março de 1986, do então líder Deng Xiaoping, com que foi lançado um Programa Tecnológico de Pesquisa e Desenvolvimento, que incluiu também o uso de captação de água de chuva para amenizar a escassez de água e deslanchar o desenvolvimento das áreas semi-áridas do país.(GNADLINGER, 2004).

Foi desenvolvido o Programa ‘Providenciando água para uso humano e para agricultura de subsistência através do uso de água de chuva’, denominado “Programa 1-2-1”: A proposta era a construção de uma (1) área de captação de 100 m2 e duas cisternas subterrâneas de concreto para armazenamento de água, uma cisterna para água de beber e outra para irrigação para melhoria da renda familiar (entre 20 e 50 m3), e uma (1) área de pelo menos 700 m2 com irrigação suplementar, destinada à produção de culturas comercializáveis. Com centros de pesquisa e poder publico na execução do projeto.

A EMBRAPA começou as pesquisas com captação de água de chuva já no final dos anos 70 com excelentes resultados (GNADLINGER, 2.004). Depois houve adesão de várias entidades como Universidades Federais, Universidades Estaduais, etc. O trabalho foi sendo ampliado ano a ano, e com os  movimentos sociais pela Convivência com o Semiárido e o P1MC e o P1+2 se chegou a cerca de 500.000 cisternas para consumo humano e inúmeras outras tecnologias sociais adequadas ao semiárido do nordeste Brasileiro.

No alto pantanal em Cáceres, em cerca de 20 anos inúmeras tentativas de resolver esse problema da falta de água foram testadas, como bombeamento de água de reservatórios distantes mais de 15 km, perfuração de poços artesianos, etc. Mas nenhuma das soluções tradicionais conseguiu resolver este grave problema por 3 causas principais. 1. O alto custo da energia, 2. Falta de mão de obra qualificada para administração, operação e manutenção adequada da rede adutora/moto bomba. 3. A grande demanda de água na área rural é para consumo animal, sendo que assim este sistema é inviável para esta finalidade pela grande volume de água demandado para consumo produtivo, por exemplo uma cabeça de gado adulto consome 50 litros/água/dia.

Neste exemplo da fronteira falta as condições mais rudimentares, como não há nenhum controle do volume de água consumida por propriedade, por não existir hidrômetros na rede adutora e também casos frequentes de desvio de água ou gatos, prejudicando outras famílias.

Existem diferentes alternativas para tomada de decisões quanto a que tecnologias sociais são estratégicas na região do alto pantanal. Assim um documento da “Promotoria do São Francisco” que tem como objetivo (aumento da qualidade e quantidade da água), no Norte de Minas, depois de uma série de encontros e seminários promovidos em parceria com o ambientalista Hugo Eiras F. Werneck, para fazer um diagnóstico da situação do “barranqueiro do São Francisco.” Certo ficou, que o ambientalista fez história na região.

A partir de uma série de eventos e das premissas “Werneckianas” quais sejam: a) Cuidar da pessoa humana para cuidar do rio; b) valorização da família como célula potencializadora da solução dos problemas ambientais; c) discurso otimista em relação à possibilidade da sustentabilidade sócio-ambiental e de experiências exitosas como se verificou na bacia do rio Pajeú, subafluente do Rio São Francisco. A partir da construção de bacias de captação de águas pluviais, construção de terraços e cercamento das nascentes, a rápida recuperação dos recursos hídricos, o que levou segundo relato dos moradores a uma ampla mobilização e motivação na região, que se propalou para todo o município. (Documento do MPE-MG 2009)
 
2. Procedimentos Metodológicos

2.1 Procedimentos metodológicos de coleta e análise dos dados

Primeiro se estudou as alternativas ambientais existentes de acesso a água de chuva através de documentos técnicos e depois ocorreram viagens para se conhecer algumas tecnologias sociais como barraginhas e lago de múltiplo uso (EMBRAPA-Sete Lagoas, 2008) e tecnologias sociais como cisternas e diversas experiências no Brasil e na China no 7 Simpósio Nacional de Água de Chuva em Caruarú-PE (2009). Depois de ver as soluções disponíveis considerando a qualidade, eficiência e possível adaptação a demanda da região do alto pantanal, se passou então a fase de implantação dos projetos considerados mais promissores na região da fronteira como pilotos para servir de avaliação e demonstração.

Uma verificação importante é que a questão ambiental necessita de inúmeras soluções integradas, por isso considera-se que as 9 tecnologias sociais que estão em execução são fundamentais para a agricultura familiar da região, cada uma contribuindo para uma determinada solução.

Para a realização deste estudo foram selecionados 48 lotes e 2 escolas do campo com cerca de 300 alunos nas propriedades de agricultura familiar onde havia possiblidade de adoção das tecnologias preconizadas, por serem produtores receptivos e principalmente a adesão das escolas do campo a novos conceitos,  novo paradigma e visão ambiental de sustentabilidade.

As experiências foram iniciadas em 2009, e segue o trabalho até a presente data. Para tanto os projetos foram sendo implantados num prazo médio de uma (1) semana, o trabalho das barraginhas foi executado em 60 dias, depois foram realizadas inicialmente visitas mensais e posteriormente visitas semestrais, para o acompanhamento das atividades.

É importante ressaltar que o maior objetivo da etapa inicial foi trazer estas tecnologias de outros estados e implantar na região do alto pantanal, agora o objetivo é de buscar apoio das entidades para pesquisa e extensão rural.
 
1. Cisterna  individual de 8.000 litros.   Implantada  no Lote 08,  PA Katira, abril/2009.

A cisterna de vinil  é  feita de vinil atóxico (material usado na fabricação de bolsas para armazenar sangue) e são montadas facilmente, como barracas de camping. Não há necessidade de nenhum equipamento auxiliar e a montagem é feita em cerca de um dia. O kit não pesa mais que 60 quilos, e pode ser transportado sem dificuldades. E principalmente tem atestado da Anvisa para consumo humano. Houve uma doação de cisterna de vinil, de 8.000 litros pela empresa Sansuy.

Foi selecionada uma família pela Empaer MT que tinha também um projeto implantado, denominado “Vida Nova”  que seria uma produção agrícola e animal para subsistência. A escavação  para implantar a cisterna de vinil ficou a cargo do produtor José Vítor Mudesto, Parcela 8, PA Katira, localizado em Cáceres. 

Com capacidade para 8 mil litros de água, as cisternas são acomodadas em um buraco no chão de 2,6 metros de diâmetro e 1,5 metro de profundidade. A água chega à cisterna através de um tubo, que geralmente é encaixado na calha do telhado. Em abril /2009 foi implantada esta cisterna e está sendo utilizada há  sete anos.

2. Lago de múltiplo uso, implantado no Implantada  no Lote 08, PA Katira, setembro /2010.

Para o aproveitamento da água de chuva a ser utilizada para cultivo de hortaliças e criação de pequenos animais, a tecnologia do lago de múltiplo uso consiste em impermeabilizar o lago com uso de lona comum, sobre esta base, adiciona uma camada de 25 centímetros de terra para proteção contra os raios solares e a ação de peixes e animais. A água da chuva será captada através do telhado das residências. O sistema foi implantado com sucesso em outras regiões do país e em 2005, foi finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Capacidade de 150.000 litros, executado com a presença do seu idealizador Eng. Agrº Luciano Cordoval de Barros da Embrapa, unidade Sete Lagoas, MG.

3. Barraginhas implantado em 42 lotes no PA Rancho da Saudade /2011.

O sistema consiste na captação de enxurradas através de pequenas barragens, cuja água, além de evitar erosão e assoreamento de rios, infiltra no solo umedecendo-o ao seu redor e revitalizando o lençol freático.

Conforme explicou o engenheiro agrônomo da Embrapa responsável pelo projeto, Luciano Cordoval de Barros (Barros, 2000). "À medida que infiltra no solo, a água vai aumentando a onda subterrânea e formando um grande lago, que começa a correr alimentando córregos, umedecendo todo o solo, aumentando o volume de água em cisternas ou até mesmo ocasionando a formação de minadouros, e água limpa, filtrada pelo solo. Além disto, possibilita o plantio na agricultura familiar de hortas, lavouras e frutíferas ao seu redor e encosta", afirmou. Foram construídas 68 barraginhas e 23 quebra molas. em 42 lotes do PA Rancho da Saudade, Cáceres, 2011, Foram gastas 198,10 h  Pá Carregadeira de Rodas Caterpillar 938G 145 HP.

4. Recuperação de represas que captam água de chuva e quebra molas. 2011

Foram realizadas 26 Recuperações ou adequação de represas ou açudes: PA Rancho da Saudade, Cáceres, 2011. A maioria dos produtores tinham investido em represas que acumulam água da chuva, como o projeto teve a presença de um engenheiro agrônomo Ademar Okada da Empaer, foi feita a questão do dimensionamento correto do ladrão na represa dando mais segurança e reduzindo o risco de perder este trabalho (seria o escoamento lateral quando enche a represa, sem este dispositivo pode inclusive a força da água romper as paredes e perder todo o trabalho).

5.Reservatório lonado com geomembrana atendendo 5 (famílias)! 2012

Houve uma doação de uma geomembrana de PE linear, espessura de 0,5 mm ou 500 micras por uma empresa, que foi repassado ao produtor, que fez toda a instalação com a orientação da Empaer MT. Foi escavado um metro dentro do solo, e erguida uma parede lateral em contorno de 50 cm acima do solo, ficando com profundidade de 1,5 m. PA  Jatobá, Cáceres, 2012. Captação de água de chuva do telhado.

Na outra experiência quando a empresa Sansuy que fez a doação da geomembrana de PVC PEAD para as escolas do campo, enviou um técnico para orientar a montagem do projeto, 5 pequenos agricultores da região colaboraram com o serviço e na verdade foram qualificados a fazer esse serviço, e quando ao termino da execução do projeto, a empresa doou a 4 agricultores familiares geomembrana de PVC PEAD de 0,8 mm de 6 x 12 m, então eles procederam a execução da montagem técnica nos seus lotes do assentamento.

2 (dois) produtores utilizaram esta geomembrana para cobertura do bebedouro de concreto, que é um problema comum na região, onde a maioria das obras de concreto que não tiveram uma orientação técnica correta na construção se encontram  com problemas de vazamento.

6.  Cisternas em escolas do campo! 2 em Cáceres e 1 em Santo Antônio do Leverger 2014 e 2016

Duas escolas públicas nos projetos de assentamento Sapiquá e Nova Esperança – localizados no município de Cáceres, na região Oeste do estado e uma escola no pantanal do Município de Santo Antônio do Leverger, MT estão sendo abastecidas com água proveniente das chuvas para utilização na limpeza e nas hortas escolares.

A água é captada por meio de calhas instaladas nos telhados das escolas e o armazenamento é feito em reservatórios lonados doados com geomembrana de PVC 0,8 mm PEAD e cobertos. A Escola Estadual 12 de Outubro recebeu uma cisterna de 125 mil litros e a Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida tem duas cisternas, de 100 mil litros cada. 

A Escola Estadual Pontal do Glória recebeu uma cisterna de 100 mil litros, sendo Cisterna, impermeabilizada com geomembrana flexível de PVC e cobertura arqueada com laminado de PVC reforçado com tecido de poliéster de alta tenacidade, Blockout (vinilona), com estrutura metálica de aço carbono galvanizado à fogo, medindo 11,5 m de diametro e 1,20 m de altura com capacidade nominal para 100.000 litros de água.
7. Pequi com pastagens, início em 2014.

No lote do assentado José Vítor Mudesto, lote 8, PA Katira, conhecido como Zé Branco, existem mais de 500 pés de pequi nativos, consorciados com pastagens, assim como em muitas propriedades da região! Cultura muito apreciada na região e tem fácil aceitação pela comunidade.

A Secretaria de Estado de Agricultura de Mato Grosso lançou uma diretriz técnica em que recomenda oficialmente esta pratica de consórcio de maneira que beneficia as duas culturas ao mesmo tempo porque para a pastagem a sombra gerada reduz a perda de umidade do solo,  o pequizeiro proporciona aumento da renda familiar.
8. Biofossa, 2015

As Fossas Sépticas Biodigestoras são uma excelente alternativa de Saneamento Básico na Área Rural e podem contribuir para o desenvolvimento Local. Afinal, o sistema biodigestor tem tripla função: previne contra doenças, protege o lençol freático (água do poço) e produz adubo orgânico de qualidade.

Implantado no lote 16, PA Rancho da Saudade, no local em que a agua da comunidade é captada de poços caipiras (10 a 12 m), para evitar a contaminação do lençol freático.

9. Adoção de nascentes!

Entende-se por nascente o afloramento do lençol freático que vai dar origem a uma fonte de água de acúmulo (represa), ou cursos d’água (regatos, ribeirões e rios). Em virtude de seu valor inestimável dentro de uma propriedade agrícola, deve ser tratada com cuidado todo especial. A nascente ideal é aquela que fornece água de boa qualidade, abundante e contínua. A nascente foi selecionada e a execução está prevista para 2017.

Esse projeto é o que apresenta maior resistência para adoção, como o produtor foi beneficiado com outras tecnologias como barraginhas e biofossa, ele aceitou mas não se empenha por não entender bem a importância da questão ambiental e ter na verdade a preocupação produtiva com a pecuária de leite. Neste caso tem que se fazer uma rede de água saindo da nascente até fora da área protegida para atendimento aos animais.
 
3. Resultados e discussão

3.1 Cisterna  individual de 8.000 litros - Os resultados preliminares mostraram ser uma água de boa qualidade, desde que o processo de filtração com filtro de areia ( contenha camadas de brita, areia, carvão ativado),  clorada e que tenha um agente de saúde acompanhando durante todo o ano.

Existem ainda várias outras orientações fundamentais como limpeza do telhado, descarte das primeiras chuvas, nunca utilizar balde para retirar água da cisterna, etc.  Foi observado durante estes sete anos, algumas famílias tiveram boa adaptação a cisterna, e infelizmente por questão cultural, algumas tem resistência ao gosto do cloro e até a utilização do filtro de barro convencional.

3.2 Lago de múltiplo uso da EMBRAPA - Os resultados foram satisfatórios e a tecnologia é muito adequada para a realidade da agricultura familiar da região de Cáceres, necessitando mais estudos sobre opções de qualidade das lonas, pelo fato que lonas de silagem de 200 micras tem que ter um cuidado especial para não haver perfuração e vazamentos. A desvantagem seria ter que proteger com camada de 25 a 30 cm de solo por cima, aumentando a mão de obra ou custo de hora máquina e ser um procedimento que precisa ser muito bem executado e muito cuidado para não avariar a lona.

3.3 Barraginhas da EMBRAPA. 2011

Este projeto foi implantado na região do alto pantanal em Cáceres, MT em 2011 para 42 famílias no PA Rancho da Saudade, numa região extremamente seca e os resultados foram surpreendentes nesses 5 anos,  aumento do volume de umidade superficial e subterrânea, sendo que no mês de julho/2016, muitas barraginhas ainda tinham bom volume de água, esse fato vem demonstrando aumento gradual da umidade do solo anualmente, ou prolongamento de umidade no solo na época seca, fato muito importante pois o período seco no cerrado ser de aproximadamente 6 meses, além da redução da erosão nas estradas.

Outro fator relevante é que os cinco poços caipiras com qualidade de água adequada ao consumo humano, que atendem 150 famílias e as duas escolas do campo com uma rede adutora de distribuição de cerca de 60 km, conseguiram passar todo o período seco nestes cinco anos funcionando, apesar de infelizmente muitas famílias da agricultura familiar e cerca de três fazendeiros vizinhos estarem utilizando esta água para consumo animal (pecuária de corte). O que é totalmente irregular e que esta acarretando disputas locais com denuncias até sendo feitas no MPF.

Apesar dos resultados iniciais serem animadores, estimulou o aumento do numero de cabeças de gado, e por ser uma região com pouca oferta de recursos hídricos, isso poderá acarretar um colapso na oferta de água, sendo que a prioridade é o consumo humano.

3.4 Recuperação parcial de represas que captam água de chuva e quebra-molas.

Executado em 2011, os resultados foram bons com poucas horas de trabalho de máquina.

O serviço de quebra molas desviou as enxurradas da estrada para as barraginhas, e ficou cerca de 3 anos em bom estado de manutenção.

As represas que receberam o projeto de adequação do ladrão não tiveram problemas de rompimento até o momento.

3.5 Reservatório lonado com geomembrana de PVC, PEAD de 50.000 l para diversos fins como consumo animal, piscicultura, etc atendendo 5 produtores!

Os resultados demonstram que uma vez que o produtor aprende uma tecnologia social, ele próprio pode multiplicar esta experiência para outras famílias na região.  Está funcionando há quatro anos o projeto mais antigo e os outros 4 produtores esta operando há 2 anos sem nenhum problema de vazamento, mesmo a geomembrana estar exposta ao sol, o que não é recomendado pois a vida útil é bem reduzida.
3.6 Cisternas em escolas do campo! 2014

Está funcionando há dois anos em Cáceres e há 1 ano em Santo Antônio do Leverger e os resultados são excelentes, reduzindo as crises periódicas de falta de água para atividades básicas escolares, principalmente horta e limpeza.

O aproveitamento da água de chuva também está estimulando o processo de educação ambiental possibilitando a inclusão do tema no conteúdo pedagógico das escolas.

Sendo que a convivência na escola com as cisternas ajuda na formação ambiental das futuras gerações.

3.7  Pequi com pastagens, início em 2014.

Esse projeto vem gerando receitas com a venda do pequi em natura, trabalho que envolve mais a mulher e os filhos na atividade, as pastagens sombreadas estão muito melhores que as expostas diretamente ao sol. Ainda é necessário uma análise técnica econômica mais aprofundada, mas no momento não tem ainda um pesquisador atuante neste projeto, esperamos que com essas divulgações em revistas especializadas e parcerias com Universidades, etc se possa levar mais pessoas interessadas neste tema.

3.8 Biofossa

O projeto de biofossa levou cerca de 1 ano para ser executado, com a doação do material pelo consorcio Nascentes do Pantanal, foi solicitado ao produtor providenciar a escavação! Mas por falta de experiência ficou aguardando a equipe técnica que ao chegar não estava pronto o trabalho, assim foi contratada mão de obra de terceiros e em março/2016 foi efetivamente concluído o serviço.

Também não se tem resultados técnicos, sendo que o grande objetivo inicial do saneamento era levar esse projeto para as 2 escolas do campo na região, mas como esse lote é o que fornece água de beber para 150 famílias e as 2 escolas, foi o local mais importante da região para o inicio do projeto de saneamento rural.

3.9 Adoção de nascentes!

Planejada para implantação no lote 16 em 2017, PA Rancho da Saudade!
Falar do trabalho do ministério público na área urbana.
4. Considerações finais
 
A água de chuva captada na microbacia e nos telhados foi a  custo zero e boa qualidade para uso doméstico, atividades educativas e produtivas.

Na questão das cisternas, a qualidade da água analisada em laboratório da UFMT foi apropriada para consumo humano, o maior problema foi de algumas famílias com resistência ao tratamento da água com cloro, filtro e cuidados sanitários apropriados. Deve-se assim investir em cursos de qualificação e orientação.

Pela complexidade e diversidade das tecnologias sociais envolvidas, com conceitos ambientais que as famílias da agricultura familiar da reforma agrária tinham muito pouco contato, considera-se que só o fato de esses projetos terem sido implantados na região, e os resultados foram acima do esperado em termos de custo benefício, qualidade da água para consumo humano e principalmente educação ambiental. Estes fatores somados mostram que as tecnologias sociais foram totalmente adotadas pela comunidade local, que convive com essa dura realidade de escassez de recursos hídricos e que precisam de mais experiências exitosas e mais estudos de pesquisa.

Diversas tecnologias sociais demonstraram que estas famílias vendo o projeto piloto implantado tem um melhor convencimento do que só explicações teóricas, e principalmente que os interessados podem ir nestas propriedades e aprender como levar para as suas respectivas propriedades familiares.

De toda essa crise hídrica no Estado de Mato Grosso e o avanço agressivo das queimadas, se as propriedades familiares terem vários projetos ambientais integrados, e principalmente como se diz de maneira popular “serem produtores de água”, vem trazer uma grande mudança de paradigma que a preservação ambiental é fundamental para a sobrevivência do homem em regiões extremamente desafiadoras por falta do recurso mais básico que é a água para viver com dignidade.

Outro aspecto relevante é que os resultados iniciais promissores na região do alto pantanal já estão se multiplicando em várias outras regiões do Estado, como os projetos de cisternas para consumo humano na região da Baixada Cuiabana em Várzea Grande (PA Nossa Senhora Aparecida) e Santo Antônio do Leverger (PA Santana do Taquaral), região do Médio Norte em Nobres (PA Coqueiral Quebó), além da entrada de professores,  pesquisadores de instituições de ensino superior como a UFMT, UNEMAT e outras.

O maior problema enfrentado hoje é sendo uma região extremamente frágil em relação aos recursos hídricos, com os bons resultados iniciais nestes 5 anos, a evolução de demanda de água foi exponencial pelos produtores beneficiados e até cerca de 3 fazendas vizinhas, que estão consumindo mais água para atividades produtivas, em especial para o consumo de pecuária de corte, isso poderá causar um grave problema social para gerenciamento em época seca do ano.

Por esta razão é que se esta planejando, ainda sem data definida, o lançamento do programa Vigilantes da Água, 2009 Embrapa, (Traduzido e adaptado de Alabama Water Watch – Bacteriological Monitoring, 2004 - Auburn University) na região alto do Pantanal.
 
5. Referências bibliográficas
 
BARROS, L. C. de. Captação de águas superficiais de chuvas em barraginhas. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 16 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular técnica, 2).

BARROS, L. C. de. Integração entre Barraginhas e Lagos de Múltiplo Uso: O Aproveitamento Eficiente da Água de Chuva para o Desenvolvimento Rural. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2013. 11 p.

BARROS, CÉLIA R. S. T. Estudo Da Disponibilidade De Recursos Hídricos nos Projetos De Assentamento da Reforma Agrária na Região do Pantanal do Corixo Grande, Cáceres-MT. Dissertação do programa de pós-graduação em recursos hídricos, UFMT. 2010. 189 p.

Diretrizes Técnicas para o Cultivo do pequizeiro, Empresa Matogrossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural.2012, 29 p

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GNADLINGER, João. Colheita em Água da Chuva em Áreas Rurais. Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva. 2º Fórum Mundial da Água, Holanda, 2000. Disponível em: http://www.iHYPERLINK "http://www.irpaa.org/colheita/indexb.htm"rpaa.org/colheita/indexb.htm
Marchetto, M, et al, Plano Municipal de Saneamento Básico do município de Cáceres, Relatório Final, DESA/UFMT, 2016.

Oliveira, M. E. B., Guerra, N. B. Barros, L. M., Alves, R. E. Aspectos Agronômicos e de Qualidade do Pequi. Embrapa Agroindústria Tropical Fortaleza, CE 2008. 33 p.
PIMENTEL GABRIEL GOMES, Curi, S, Marchetto, M. Suprimento com Uso de Água de Chuva em um Assentamento Rural em Mato Grosso.

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Relatório da Oficina Internacional sobre Captação e Manejo de Água de Chuva, Landzou, China, 16 de julho a 31 de agosto de 2004. GNADLINGER, João
Tecnologia Social, Fossa Séptica Biodigestora. Saúde e Renda no Campo. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2010. 32p

Documento Projeto Plantando Água, MPE MG 2009.

 
Dr.Samir Curi é perito federal.
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