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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

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Por medo do ex ser solto, mulher que teve olhos perfurados está escondida

A operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, mulher que foi torturada e teve os olhos perfurados pelo ex-marido, em Goiânia, está abalada com a possibilidade de soltura do suspeito, Wilson Bicudo. Em entrevista à TV Anhanguera por telefone, a vítima, que por medida de segurança está em um local que não pode ser revelado, quer que ele responda por tentativa de homicídio: "Que ele pague pelo fez".


"Peço, imploro, é o meu direito. Que a Justiça seja feita. O que acontece com essas outras mulheres que [o agressor] vai preso, abaixa a poeira, ele volta e mata, é o que vai acontecer comigo. Eu não quero isso", diz a operadora de caixa, que perdeu boa parte da visão dos dois olhos após ser torturada pelo ex-companheiro.

Um impasse jurídico quase colocou Wilson Bicudo em liberdade na quarta-feira (14). O inquérito policial foi concluído em outubro e indiciou o agressor por tentativa de homicídio triplamente qualificada. Mas o promotor de Justiça João Teles Neto discordou do relatório policial. Para ele, o crime não foi uma tentativa de homicídio, e sim um caso de lesão corporal grave.

Com a mudança na tipificação do crime, o processo seguiu para uma nova vara. Por isso, o juiz Jesseir Coelho, que tinha decretado a prisão do suspeito, teve de revogar o pedido, mesmo não concordando com o posicionamento do promotor. "Ele representa risco para a ex-mulher, para a sociedade, é um sujeito perigoso e que em função de toda essa discórdia, é que formou esse imbróglio que poderia ter sido evitado", argumentou Jesseir.
Alguém acha que ele queria dar um susto nela?"
Darlene Liberato, advogada
Mara Rúbia foi torturada pelo ex-marido no fim de agosto. Segundo a polícia, após ser agredida e imobilizada, quando já estava inconsciente, teve os dois olhos perfurados com uma faca. De acordo com o inquérito, o suspeito usou o celular da ex-companheira para avisar a família e amigos que havia matado a vítima. A mulher foi socorrida com vida.
"O mais grave, ele ligou e avisou que a tinha matado. Eu não consigo entender como alguém acha que isso é simplesmente uma lesão corporal. Será que tem alguém que acha que ele estava querendo passar um susto nela?", questiona a advogada da vítima, Darlene Liberato.
Segundo Darlene, o impasse revoltou Mara Rúbia. "A primeira reação que ela teve foi de dizer que preferia ter morrido. Porque se ela estivesse morrido, não estaria sofrendo em vida o que está sofrendo agora", revelou. A advogada informou que pretende pedir a federalização do caso.

Projeto de lei
No início do mês, Mara Rúbia foi a Brasília e visitou o plenário da Câmara de Deputados e o gabinete do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Sensibilizadas, as deputadas da Câmara propuseram um Projeto de Lei para que o processo penal contra agressores caminhe mesmo que a mulher não represente contra ele ou retire a denúncia por medo. Se aprovada, a lei deve ser batizada de Mara Rúbia.
“É isso que nós estamos querendo: o rigor maior da lei, para que nós não possamos chegar em uma situação quase patética de dificuldades para que o criminoso seja punido”, explicou a deputada federal Jô Moraes.
Crime
Desde a agressão, Mara Rúbia já passou por uma operação no olho esquerdo e duas no olho direito. Em seis meses, deverá passar por uma nova cirurgia. O médico Eduardo Eustáquio explica que as cirurgias são feitas por etapa por causa da gravidade das lesões, mas é positivo com a recuperação da paciente: "A chance dela ter uma recuperação visual é muito boa", afirmou na época da terceira cirurgia.

Após 21 dias foragido, ele se entregou à Polícia Civil na noite de quinta-feira, no dia 19 de outubro. Segundo a delegada responsável pelo caso, Ana Elisa Gomes, Wilson confessou ter cometido o crime depois de a vítima se recusar a reatar o casamento.
Segundo familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não foi a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento. Ela informou que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda.
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