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Domingo, 21 de julho de 2024

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beco sem saída

Mais de 150 galos são apreendidos pela polícia em rinha em Cuiabá

Foto: Diário de Cuiabá

Mais de 150 galos são apreendidos pela polícia em rinha em Cuiabá
Mais de 150 galos foram apreendidos pela Polícia Federal em um ‘clube’ de briga de galo, atividade comumente chamada de ‘rinha’, em Cuiabá, na tarde desta sexta-feira (10). Curiosamente, a ‘Sociedade de Avicultura Nova Geração’ possui uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) garantindo a legalidade do ‘esporte’ sangrento, desde que, no entanto, não hajam ‘excessos’.


“Não existe ilegalidade em relação à existência da ‘rinha de galo’ no território nacional. Os maus tratos e contravenções penais se aplicam a todos eles, inclusive no que pertinente à rinha de galo, somente no que se refere aos excessos’, diz trecho da liminar, concedida pelo ministro Castro Meira em 21 de agosto de 2008.

O problema é descobrir quando é que pode-se considerar ‘excesso’ os ferimentos sofridos pelos galos durante uma briga. Para decidir sobre a apreensão, o delegado da Polícia Federal Rodrigo Bartolamei, baseou-se no fato de os animais agonizantes serem ‘descartados’. Prova disso são os vários ‘corpos’ de aves encontrados no interior do ‘clube’. “Se isso não for excesso, não sei o que é”, questionou.

Não bastasse a autorização judicial para a existência da rinha, outro obstáculo complicou a vida dos agentes federais: nem a Polícia Federal, nem o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais) possuem uma estrutura adequada para manter os animais. A solução foi tornar o presidente da Sociedade de Avicultura Nova Geração, Wilson Oldenus de Pinho, ‘fiel depositário’ das aves.

Dessa forma, os galos, apesar de aprendidos, continuam dentro dos perímetros do ‘clube’, podendo, a qualquer instante, serem utilizados nas rinhas.

A batida

No inicio da noite de quinta-feira (9), o delegado Rodrigo Bartolamei recebeu uma denúncia de que estava acontecendo uma rinha de galo em um ‘clube’ ao lado do motel Absynto, em uma rua perpendicular à Avenida Fernando Corrêa. Ao chegar no local, o agente federal constatou a situação, mas ao autuar as mais de 150 pessoas presentes ele foi surpreendido pelo presidente da sociedade com a liminar do STF que, segundo o presidente da sociedade, permite o funcionamento da rinha.

A decisão defende a ‘rinha de galo’ como parte da cultura mato-grossense e lembra da inexistência de leis que proíbam sua realização. Entretanto, ressalva para o fato dos maus tratos, em excessos, serem passíveis de punição, conforme manda o código penal.

Nesta sexta-feira, o delegado voltou ao local acompanhado pelo Ibama. Vários carros de luxo estavam estacionados em frente ao ‘clube’. Um ‘campeonato nacional’ estava acontecendo, com a presença clientes estrangeiros.

Além dos galos, foram apreendidas ‘biqueiras’ metálicas e esporas de plástico - materiais utilizados como armas pelas aves durante o combate. Tesouras, agulhas de costura e outros equipamentos veterinários para cuidar dos animais feridos também foram apreendidos. Por fim, anabolizantes e reidratantes animais, a maioria de origem estrangeira, foram encontrados.

O clube

O clube de rinha ‘Cuiabá na Briga’ funciona naquele mesmo local há mais de 30 anos, conforme apurou o Olhar Direto. Em várias ocasiões houveram batidas policiais, operações e a interrupção temporária em função dos maus tratos aos animais. Em 2008, a Sociedade de Avicultura Nova Geração obteve uma vitória no STF e conseguiu uma liminar para assegurar o funcionamento do clube.

No local, existem três ‘arenas’ para os combates. Uma principal e duas auxiliares. A arena principal é cercada por uma arquibancada circular dividida em três níveis: vermelho, azul e laranja. Em cada nível ficam uma série de cadeiras com os respectivos nomes dos ‘donos’ dos assentos cativos. Painéis, quadros e placares com os resultados das lutas e pontuações ficam espalhados pelas paredes do local.

Também existe toda uma estrutura para acolher os galos dos sócios do clube e dos visitantes. As gaiolas possuem identificação do dono e o estado ou país de origem. Em média, um galo de briga custa R$ 10 mil. Entretanto, alguns podem ser muito mais valorizados, chegando a valer até R$ 100 mil. As apostas nas mesas são feitas com fichas compradas no caixa do local.

Os vários carros luxuosos estacionados em frente ao ‘clube’ revelam que o poder aquisitivo dos frequentadores é alto. Dentre os que falam algo para a imprensa, boatos de procuradores, vereadores, prefeitos e até mesmo juízes envolvidos na prática da briga de galo. Segundo o delegado Rodrigo Bartolamei, as investigações ainda estão em fase embrionária e é cedo para citar qualquer envolvido e, como diz a liminar, a rinha não é proibida, mas sim os maus tratos aos animais.
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