O secretário de Fazenda, Paulo Ricardo Brustolin, criticou o contrato de renegociação da dívida do Estado feita pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em 2012. Na ocasião, o governo contraiu um empréstimo com a instituição americana e pagou a dívida com os credores brasileiros. De acordo com Brustolin, porém, faltou uma cláusula que desse segurança ao Governo de Mato Grosso em caso de alta do dólar.

Explosão do dólar eleva parte da dívida de Mato Grosso negociada por Silval e tira o sono de Pedro Taques

A dívida de Mato Grosso com a União tinha como indexador o IGP-DI mais juros de 6% ao ano. Com a renegociação, o banco americano passou a ser o credor da dívida, que foi passada para dólar – portanto, sujeita à variação da moeda – com juros de 5% ao ano. À época, o Silval anunciou que a mudança faria o débito crescer menos e o tornaria mais fácil de pagar. Porém, com a cotação da moeda americana ultrapassando R$ 3,20 este mês, a dívida saltou de US$ 485 milhões para US$ 630 milhões desde a assinatura do contrato, em 2012. Em reais, de R$ 972 milhões passou para mais de R$ 2 bilhões.

“Quando foi feito o empréstimo, optou-se por trazer o risco cambial para dentro do governo de Mato Grosso. Então, como o dólar subiu, temos que arcar com esse aumento. Se o dólar bater em R$ 5, por exemplo, vamos ter que arcar com isso. Não foi feita uma cláusula de hedge ou swap cambial, que colocaria uma trava no valor do dólar no contrato. Hoje em dia, nenhuma grande empresa faz uma operação de crédito como essa sem esse tipo de cláusula”, afirmou Brustolin ao Olhar Direto.

O secretário informou que o governo do Estado tem se reunido com várias instituições financeiras para tentar descobrir saídas para minimizar o impacto da valorização do dólar. Ele não acredita na possibilidade de o contrato ser aditado para que seja incluída uma cláusula de hedge, fixando um teto para o valor do dólar. “Agora a operação já foi feita e o dólar já subiu. Mas estamos trabalhando para buscar outras soluções possíveis”, disse.