Depois de a Assembleia Legislativa tentar intermediar, sem êxito, a negociação entre o Fórum Sindical e o governo de Mato Grosso sobre a aplicação de 11,28% da Revisão Geral Anual (RGA), a bancada situacionista escolheu um lado: o Palácio Paiaguás. E o líder do governo no Poder Legislativo, deputado Wilson Santos (PSDB), puxou a convocação para que os servidores retornem aos seus postos de trabalho e aceitem a RGA de 5% em duas parcelas – 2% em setembro e 3% em janeiro de 2017 – não retroativa.
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O Fórum Sindical já rejeitou a proposta de 5% e mantém a exigência de 11,28% de RGA, retroativo a maio. E 28 categorias de servidores estaduais estão em greve desde a última terça-feira (31).
“É essencial que haja bom senso. E reconheçamos que o momento é delicado e vamos ter que continuar dialogando diariamente e colocando sempre o interesse de toda a sociedade, em primeiro lugar”, observou Santos. “A greve prejudica a todos, principalmente a população mais carente. O governador foi extremamente generoso [em conceder 5%], foi ao máximo do que podia, foi ao seu limite”, argumentou Wilson.
Defensor do governo, o deputado Eduardo Botelho (PSB), vice-presidente da Assembleia Legislativa entende que os servidores devem voltar ao trabalho. “A greve é um confronto desnecessário. Vivemos uma crise grave; a maior em 100 anos e não é essencial que haja bom senso de lado a lado”, ponderou Botelho.
Crítico pelo fato do governo não ter apresentado nenhuma proposta, o deputado Oscar Bezerra (PSB) afirmou que a greve prejudica os cidadãos e não apenas o governo. “É imprescindível a reflexão [dos líderes do Fórum Sindical], porque o momento não é difícil. O direito de greve existe, mas o momento não é adequado para isso. Se o Governo fez os cálculos e é o que pode pagar, no momento tem que aceitar”, defendeu Bezerra.
O risco de não haver condições de pagar sequer os 5% existe, segundo o deputado do PSB. “Sem dúvida, é um efeito bola de neve. O governador ofereceu 5%, mas com breve, arrecadação vai cair e nem o 5% será possível cumprir, porque a receita vai cair. E nisso não serão apenas os 100 mil funcionários públicos que irão sofrer, serão três milhões de mato-grossenses”, completou Bezerra
O vice-líder do governo na Assembleia, deputado Doutor Leonardo Albuquerque (PSDB), afirmou que a proposta apresentada pela equipe econômica do governador Pedro Taques demonstra a boa vontade do Poder Executivo em equacionar o problema. “Temos que valorizar a proposta do governo. Apesar de não ser os 11,27%, mas é uma proposta que, por exemplo, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, fez, de 5%. E, no entanto, não teve greve dos servidores da Capital”, justificou Leonardo Albuquerque.
Para o deputado Wagner Ramos (PSD), mesmo diante da legalidade da RGA, a situação financeira do governo não permite. “O governador expôs claramente os números e o Estado não tem condições de arcar com a integralidade do valor. Ao todo, para pagar a RGA, o Governo precisaria de R$ 628 milhões. É impossível e sugiro que os servidores voltem ao trabalho”, proclamou Wagner Ramos.
“É com muita preocupação que analiso a situação pela qual o Estado está passando. É um momento muito difícil e a crise é nacional; a maior em quase 100 anos. E a greve, sem dúvida, está a agravar ainda mais a situação que estamos vivenciando”, definiu o deputado Baiano Filho (PSDB), defendendo a volta ao trabalho e o fim da greve.