Antes de fechar a reforma do secretariado, o governador Pedro Taques (PSDB) deve abrir diálogo com os principais partidos da sua base aliada para redefinir os espaços partidários e dar um perfil mais político ao 1º escalão da administração estadual. Desse modo, será preciso buscar um equilíbrio considerando os vários embates velados entre secretários e entes políticos, como prefeitos a deputados.
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A discussão passa obrigatoriamente pelos maiores partidos da base governista: PSDB, PSD e PSB. O último comanda a secretária de Agricultura Familiar, chefiada por Suelme Evangelista, presidente do PSB Cuiabá. A pasta é uma das menores dentro da gestão Pedro Taques e a sigla nunca esteve totalmente satisfeita com isso.
Após o fim das eleições municipais, o governador viu a chance de solucionar esse problema com um nome: Otaviano Pivetta (PSB), prefeito de Lucas do Rio Verde que perdeu a reeleição e estará “disponível” para cargos públicos. Assim como o governador, Pivetta é egresso do PDT e goza de confiança do mandatário estadual, tendo sido o chefe da equipe de transição de Taques em 2014, o responsável por preparar a máquina para o atual governador assumir.
Inicialmente, o prefeito de Lucas foi cotado para Secretaria de Estado de Cidades (Secid), hoje liderada pelo arquiteto Eduardo Chiletto, que tem acumulado desgastes com deputados e prefeitos. Uma das principais críticas à sua gestão é o fato de as obras da Copa não andarem. Porém, a possível nomeação de Pivetta ainda carece de avaliação dentro do próprio PSB e, pelo menos por enquanto, não é considerada indicação do partido, mas sim do governador.
A própria executiva estadual da sigla ainda quer saber mais sobre o tamanho da reforma administrativa, ainda em fase de preparação, para decidir, internamente, qual será a participação da agremiação na gestão de Pedro Taques. Mais forte depois das eleições municipais, o partido saltou de 12 para 16 prefeituras, apesar de ter perdido a administração de Cuiabá, Sorriso e Lucas do Rio Verde, e ainda definirá qual caminho seguir a partir de agora.
No entanto, após o 2º turno em Cuiabá, outro personagem entrou no páreo, e passou a ser cotado para a Secid: Wilson Santos (PSDB). O deputado estadual foi candidato a prefeito de Cuiabá e na última hora, “em nome do grupo”, após desistência de Mauro Mendes (PSB) de tentar se reeleger e outros nomes recusarem a candidatura, como Fábio Garcia (PSB) e Eduardo Botelho (PSB).
Depois de chegar ao 2º turno contra vários prognósticos, terminou derrotado por Emanuel Pinheiro (PMDB) e surgiu como outra opção para o 1º escalão do governo, apoiado principalmente por pessoas que participaram da campanha eleitoral em Cuiabá e são próximas de Pedro Taques.
Com isso, Pivetta chegou a ser cogitado na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra). Contudo, o desempenho de Marcelo Duarte frente à pasta agrada Pedro Taques. Quando se pergunta da avaliação dele perante o Governo, aliados costumam lembrar o fato a Sinfra ter feito 1,2 mil quilômetros de asfalto em dois anos, enquanto Silval Barbosa fez 860 km em cinco.
O próprio secretário, questionado pessoalmente, se coloca como soldado do Estado e leal ao governador, com quem acataria uma saída do governo. Mas, adverte, como se anunciasse o erro de quem espera pela sua demissão: “As manchetes de jornais têm sido bem diferentes das conversas que tenho tido com o governador”.
Outra secretaria pode sofrer alterações é a de Cultura, chefiada pelo maestro Leandro Carvalho. Ele vinha tendo a gestão bem avaliada até entrar em rota de colisão com parte da classe artística na segunda leva de editais para projetos culturais. As reclamações vão desde exigências de determinados documentos, passam pelas contrapartidas exigidas pelo secretário e chegam ao ponto de considerar a cultura patrocinada por ele “erudita demais”.
Quem ganha força para ser o novo gestor é o advogado criminalista e escritor Eduardo Mahon. O jurista foi muito comemorado durante sua gestão como presidente da Academia Mato-Grossense de Letras. Além disso, durante a eleição municipal, se aproximou do grupo do PSDB, tendo feito campanha para Wilson Santos através de artigos, redes sociais e jantares. O próprio Mahon é um dos representantes da classe artística que fez críticas aos editais da Secretaria de Cultura.
A reforma pode abrigar, ainda, gestores oriundos da administração Mauro Mendes, que se encerra em 31 de dezembro. Um dos secretários lembrados pelos aliados para ser aproveitado no governo estadual é o titular da Mobilidade Urbana, Thiago França, mencionado como opção para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Ele foi um dos secretários de Mauro que atuou na campanha de Wilson Santos.
Mudanças certas
Além disso, há as mudanças já confirmadas pelo governador. O secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Zamar Taques, passará a comandar o Gabinete de Articulação Política, uma estrutura a ser criada na reforma, para manter somente as funções políticas da Casa Civil, de relações institucionais. Com a Casa Civil ficarão as funções interna corporis, uma “gerência” de todas as outras secretarias, sob o comando de Luis Carlos Nigro, empresário do ramo do turismo e atual secretário-adjunto do Turismo.
O Gabinete de Comunicação (GCom) também pode mudar de comando. O jornalista Jean Campos deve se mudar para Brasília, onde comandará o escritório de representação de Mato Grosso. Uma das possibilidades é do GCom ser fundido ao Gabinete de Articulação Política, aumentando os poderes de Paulo Taques, que é primo e homem de confiança do governador Pedro Taques.
