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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Com as dores do peixinho, Zé pode ser maior campeão olímpico do país

Com as dores do peixinho, Zé pode ser maior campeão olímpico do país
Quando José Roberto Guimarães abriu os olhos na quarta-feira, duas novidades: dores nas costelas e um hematoma no braço direito. Não era exatamente fruto dos 60 anos que ameaçam dobrar a esquina, mas de uma estripulia da véspera. O peixinho na quadra para festejar a vitória sobre a Rússia deixou marcas no treinador da seleção brasileira. As ruins estavam no corpo. As boas estavam no time, que atropelou o Japão na semifinal dois dias depois e avançou para a decisão deste sábado, às 14h30m (horário de Brasília). Se encontrar uma fórmula para vencer os Estados Unidos e desbancar as favoritas, Zé vai ser o primeiro brasileiro da história com três ouros olímpicos, embora o treinador não tenha direito a medalhas. Difícil é arrumar um lugar na cabeça dele para esse tipo de preocupação.


- Não penso muito nessas coisas, sinceramente, desde que ouvi uma história do ator Juca de Oliveira. Ele disse que, quando monta uma peça de teatro, pensa na arte, e não no dinheiro que pode ganhar ou na fama que pode vir. Comigo é assim também - disse o treinador de 58 anos, após a vitória sobre as japonesas na quinta-feira.

Campeão em 1992 com a seleção masculina e em 2008 com a feminina, Zé tem dois ouros, assim como Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo, Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira na vela, e Mauricio e Giovane no vôlei.
Não tenho saído do quarto. Fico só estudando. Somos seis no quarto vendo vídeo. Só saí para conhecer a Vila uma vez, porque a minha família veio. Não tenho uma foto da Vila, um vídeo, nada, vou ter que pedir para os caras da comissão depois"
José Roberto Guimarães, técnico da seleção

A longa jornada

Para chegar lá, o paulista de Quintana atravessou uma longa estrada. Durante 13 anos, levantou milhares de bolas como jogador de vários clubes no Brasil. Atuou também na Itália e defendeu a seleção nas Olimpíadas de 1976, um discreto sétimo lugar em Montreal. Antes mesmo de parar, já estudava Educação Física pensando no passo seguinte: a carreira de técnico. Começou como assistente de Bebeto de Freitas e assumiu a seleção masculina pouco antes dos Jogos de Barcelona, onde chegou ao topo pela primeira vez. Virou dirigente de futebol, mas voltou ao vôlei a tempo de sofrer a doída derrota para a Rússia nas semifinais de Atenas 2004 (o famoso 24/19 que evaporou no quarto set) e, quatro anos depois, chegar ao ouro em Pequim.

Em cada uma dessas etapas, pontos em comum: a serenidade e o trabalho obsessivo. Em Londres, não tem sido diferente. Enquanto atletas de todos os países curtem o clima passeando na Vila Olímpica, Zé mal conhece a área residencial. Passa os dias enfurnado no quarto, analisando vídeos, e geralmente só sai de lá para os treinos e para os jogos.

- Não tenho saído do quarto. Fico só estudando. Somos seis no quarto vendo vídeo. Só saí para conhecer a Vila uma vez, porque a minha família veio. Não tenho uma foto da Vila, um vídeo, nada, vou ter que pedir para os caras da comissão depois - conta o técnico.

As jogadoras sabem que o esforço do chefe vale a pena. Nesta quarta, passaram fácil pelo Japão e deram a Zé Roberto a vitória como presente pelos 20 anos do ouro em Barcelona. E querem mais.

- A gente tem o objetivo de dar esse ouro de presente para o Zé. Ele tem que curtir, aproveitar este momento. E nós jogadoras também, né, para sermos bicampeãs olímpicas junto com ele - conta Fabiana, capitã da seleção.

A missão de transformar o treinador no maior campeão olímpico da história do país é nobre, mas se o ouro não vier, o tropeço será duplo: além de não conseguir seu terceiro título, Zé verá o técnico americano, Hugh McCutcheon, empatar com ele como os dois únicos vencedores à frente das seleções masculina e feminina. A líbero Fabi sabe disso e quer manter Zé sozinho no topo.

- É uma situação interessante, porque o McCutheon pode igualar. Mas vamos fazer de tudo para que o americano não entre para a história desse jeito não!
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