Em um ataque indireto aos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que os países que têm armas nucleares não podem fazer cobranças ao governo do iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

"O que nós queremos para o Irã é o que nós queremos para nós e para o mundo, na expectativa de que os países que já têm as bombas nucleares, que comecem a ir desativando. Porque com esse negócio de ficar pedindo sem desmontar o seu arsenal, vão perdendo autoridade moral. Ou seja, faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço", disse Lula a jornalistas após evento com embaixadores no Palácio do Itamaraty.

Quanto à posição de Ahmadinejad de que "em princípio" aceita a proposta da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), encampada por Lula, para realizar a troca de urânio iraniano pouco enriquecido por combustível nuclear, o presidente brasileiro disse que sua intenção ao se envolver no tema é lutar pela paz.

"Nós queremos a paz. Uma guerra, a gente sabe que ela tem dia para começar, mas não tem tempo para terminar e a paz é eterna. O avanço que o Brasil quer conseguir, nessa viagem ao Irã e nessas conversas que temos feito com Irã, e as conversas com China, Índia, Rússia, com Estados Unidos e França, é de garantir que haja paz no mundo, é de garantir que haja uma política de desarmamento efetiva no mundo, com relação a armas nucleares."

Lula viajará ao Irã dia 16 para encontro com Ahmadinejad.

Programa

Hoje, Ahmadinejad, disse que seu país vai levar adiante seu programa nuclear, apesar das ameaças de ação militar por parte de Israel.

Autoridades israelenses --incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Shimon Peres-- sugeriram que o Estado judaico pode recorrer à força militar para impedir Teerã de desenvolver armas nucleares, como o Ocidente suspeita que o Irã esteja fazendo.

"O Irã vai continuar em seu caminho, vocês não devem duvidar disso. Vamos definitivamente continuar no caminho em que estamos", disse Ahmadinejad em entrevista ao programa "Good Morning America", da rede norte-americana ABC.

Ahmadinejad deu as declarações enquanto continuam as negociações em torno de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã, que insiste que seu programa nuclear visa apenas gerar eletricidade.

O Conselho de Segurança da ONU discute a adoção das novas sanções para pressionar Teerã a abandonar seu programa nuclear.

O Ocidente acusa o Irã de ter a intenção de construir armas atômicas, o que Teerã nega.