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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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Escalada dos confrontos na Tailândia já matou ao menos sete

A escalada dos confrontos entre as tropas do Exército da Tailândia e os oposicionistas conhecidos como camisas vermelhas deixou nesta sexta-feira ao menos sete mortos e 101 feridos, incluindo três jornalistas, segundo hospitais e testemunhas.


Um jornalista canadense que trabalha para a TV France 24 foi atingido por vários tiros, mas seu estado de saúde é estável. Outros dois jornalistas tailandeses foram feridos por balas.

Soldados tailandeses abriram fogo contra manifestantes antigoverno nesta sexta-feira na tentativa de isolar a área do protesto, transformando o centro comercial da capital, Bancoc, em um campo de batalhas sangrento.

As tropas usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição contra os manifestantes, que revidaram com bombas e foguetes de fabricação caseira em ruas ao redor de uma área de hotéis de luxo e shopping centers, que ocupam a quase seis semanas, disseram testemunhas.

A violência continuou ao longo da noite e deixou sob tensão a cidade de 15 milhões de habitantes. Era possível ouvir tiros e explosões em vários lugares onde manifestantes e policiais entraram em confronto.

General ferido

A nova onda de violência começou após a tentativa de assassinato, nesta quinta-feira, do opositor major general Khattiya Sawasdipol, ferido em meio aos confrontos entre camisas vermelhas e tropas do governo.

Ele está com inchaço no cérebro e tem poucas chances de sobreviver, disse hoje o médico Chaiwan Charoenchokethawee, diretor do Hospital Vajira. Em entrevista à televisão, Chaiwan disse que o general ainda está inconsciente e conectado a aparelhos. As equipes médicas monitoram sua condição a cada minuto.

Chaiwan confirmou ainda que Khattiya foi ferido com um tiro na têmpora. Os cirurgiões o operaram para retirar coágulos de sangue do cérebro e reduzir o inchaço.

O militar, um dos representantes do alto escalão dos camisas vermelhas, aparentemente foi atingido por um franco-atirador e levado às pressas para o hospital da região. Ele foi alvejado no mesmo momento em que os camisas vermelhas lançavam foguetes a partir das barricadas, para alertar para a aproximação de soldados.

O governo acusa o general Khattiya, 58, de ser um dos principais adversários da reconciliação, considerando-o um terrorista. Ele seria um aliado de Thaksin Shinawatra, o ex-primeiro-ministro no exílio derrubado por um golpe militar em 2006, e cujo legado é defendido por muitos dos manifestantes antigovernamentais.

Em abril passado, autoridades tailandesas expediram uma ordem de busca e captura contra Khatttiya, após acusá-lo pelas mortes de vários militares durante confrontos entre soldados das forças de segurança e manifestantes.

"Foi uma clara tentativa de decapitar a liderança militar dos camisas vermelhas", disse nesta quinta-feira à Reuters o consultor de segurança Anthony Davies. "É uma medida tática inteligente, que causará tumulto entre os militares ligados aos camisas vermelhas, e uma mensagem de que, se continuarem a se recusar a negociar, irão arcar com consequências extremas", afirmou.

Um dos membros dos camisas vermelhas, parte da Frente Unida pela Democracia e Contra a Ditadura, Kwanchai Praipana, disse que o general foi atingido por um atirador do alto de um dos prédios próximos ao Parque Lumpini.

Estratégia

O Exército negou ter planejado uma medida enérgica nesta sexta-feira contra o principal local de protesto, onde milhares de manifestantes camisas vermelhas, incluindo crianças e mulheres, estão reunidos, protegidos por barreiras de pneus e pedaços de madeira encharcadas de querosene, com arame farpado no topo.

O porta-voz do Exército, Sansern Kaewkamnerd, disse que cerca de 500 "terroristas" armados estão entre os manifestantes.

Uma fonte próxima ao chefe do Exército, Anupong Paochinda, disse que mais reforços do Exército seriam enviados, temendo que novos manifestantes tentem cercar e atacar os soldados.

Histórico

A atual turbulência é sintoma de uma prolongada crise política que opõe, de um lado, os militares, os monarquistas e a elite urbana --que usam amarelo nos protestos e apoiam o atual primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva; e do outro lado, os seguidores do ex-premiê Thaksin Shinawatra, identificados pela cor vermelha, oriundos principalmente das classes trabalhadoras rurais, e que se sentem alienados pelo governo.

Thaksin, derrubado em 2006 em um golpe de Estado apoiado pelos camisas amarelas, foi condenado in absentia por corrupção e abuso de poder. Ele nega as acusações do exílio autoinfligido em Dubai.

Dois anos depois, os apoiadores de Thaksin voltaram ao poder por três meses. Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bancoc por uma semana.

Antes de tornar-se primeiro-ministro, Thaksin já era bastante rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp. A empresa foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram em sua queda.
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