O pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, defendeu nesta sexta-feira em almoço com empresários uma política mais efetiva de defesa comercial. Para ele, o país falha na proteção de suas indústrias e não usa mecanismos antidumping.

"Nós não fazemos direito mecanismos de defesa comercial. Com tudo que se fala, aquele preço de referência... Uma camisa importada, para efeito tributário, custa US$ 10, se quiser pode vender por US$ 1, mas vai pagar sobre US$ 10. Os Estados Unidos fazem isso bem, nós não fazemos até hoje."

Para o ex-governador de São Paulo, a falta desta política prejudica a indústria nacional.

"O automobilismo está crescendo, mas as compras de peças e partes estão deixando de ser feitas no Brasil para trocar por importações. E não é porque os produtores estrangeiros são mais eficientes. O problema é cambial. Estamos assistindo a uma desnacionalização em diversos setores. Isso significa no futuro [queda no] emprego", disse o tucano.

Ele voltou a apontar o Mercosul como culpado pelo que considera pouco avanço em acordos de livre comércio. Para ele, o bloco é um "obstáculo para fazer acordos de livre comércio em circunstâncias que nós não afirmamos na [assinatura da] zona de livre comércio".

"Se formos fazer um acordo comercial e o Paraguai não quiser, não podemos fazer. Nós renunciamos à soberania da política de comércio exterior. É uma opção. A Europa demorou 40 anos para fazer isso bem", disse Serra.

De acordo com o tucano, cem acordos de livre comércio foram fechados ano passado, sendo apenas um pelo Brasil --com Israel.