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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Estudo revela repelente de camundongo

Pode ser o primeiro passo para a aposentadoria das ratoeiras e do chumbinho: substâncias cujo odor é capaz de encher de medo os corações dos camundongos, identificadas por um brasileiro da Unicamp e dois colegas nos EUA.


Previsivelmente, os gatos têm alguma coisa a ver com isso. Uma das proteínas isoladas por Fabio Papes e seus companheiros americanos vem do organismo do felino, enquanto a outra é de outro inimigo natural dos camundongos: o rato.

"Sim, os ratos são predadores dos camundongos", esclarece Papes, 34. Não confunda as espécies: os ratos, bem maiores e mais agressivos, às vezes são chamados de "ratazanas" no Brasil. Farejar o xixi do roedor maior é suficiente para fazer os camundongos tremerem.

Foi da urina dos ratos, aliás, que veio a "proteína do medo" (no caso dos gatos, ela foi isolada da saliva). A descoberta é a capa da última edição do periódico científico "Cell", um dos mais importantes no mundo.
Além das possíveis implicações práticas -a criação do tal repelente de roedor, por exemplo-, o estudo revela uma forma intrigante de "espionagem" química da presa contra o predador. Ela tira partido de um sistema que parecia estar restrito à comunicação dentro da sua espécie algoz.

Esse sistema envolve os chamados feromônios, mensageiros químicos captados por um órgão especial nas narinas de muitas espécies de animais. (Segundo Papes, ainda não está claro se a versão humana desse órgão serve para alguma coisa.)

"É comum chamarmos os feromônios de odores, mas não é possível entrar na cabeça do bicho e saber se ele percebe aquilo da mesma maneira que um cheiro qualquer", explica o pesquisador da Unicamp.

O certo, de qualquer modo, é que eles ajudam os animais a saber quando uma fêmea está pronta para a reprodução ou quando um rival quer briga, entre outras coisas importantes.

Desligado

A hipótese dos pesquisadores era que o órgão vomeronasal, o captador de feromônios, também detectasse moléculas parecidas em predadores. De fato, bichos geneticamente modificados para que o órgão não funcionasse perdiam o medo inato dos predadores naturais.

Em um dos experimentos, um rato anestesiado foi colocado perto do camundongo modificado, e ele chegou a se aconchegar no bicho maior para dormir. ("É porque fazia frio", disse Lisa Stowers, pesquisadora do Instituto Scripps e coautora do estudo na "Cell".)

Intrigados, os cientistas começaram a separar as moléculas da urina e saliva. Conforme fracionavam as secreções, iam testando-as nos bichos vivos e também diretamente nas células nervosas do órgão vomeronasal. Em ambos os casos, chegaram a uma proteína semelhante ao feromônio produzido pelos camundongos em situações de agressividade. A semelhança se deve à origem evolutiva comum dos três bichos.

"É claro que isso pode ter aplicações tecnológicas. Trabalhar com proteínas talvez não fosse o ideal, porque elas podem ser comidas, mas você pode desenvolver outras moléculas que tenham ação similar", afirma o pesquisador.

Aliás, tal repelente não teria nada em comum com o cheiro de xixi de gato. "A proteína é totalmente inodora", diz ele.
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