Quem viajar para a África do Sul para assistir à Copa do Mundo e não for ao jogo da seleção sul-africana pode ter certeza que também ganhará um espetáculo à parte ao ligar a TV e ver a torcida declarada dos funcionários da SABC, emissora mais famosa do país-sede do Mundial, para os Bafana Bafana.

A cena deixaria com inveja qualquer narrador brasileiro em seus momentos mais "ufanísticos". Deixando toda a imparcialidade de lado, os dois comandantes da transmissão vestiam camisas amarelas e verdes da seleção comandada por Carlos Alberto Parreira, antes do amistoso deste domingo, contra a Tailândia. E assim será por toda a Copa do Mundo.

A partida marcava a inauguração do estádio Mbombela, em Nelspruit. A todo momento, o repórter que estava no local do jogo fazia questão de ressaltar a beleza do gramado e do novíssimo estádio, último inaugurado para o Mundial que começa em junho. Cabe ressaltar que a estrutura parece ser mesmo de primeiro mundo.

O amistoso começa e, com ele, os sons das mais diferentes vuvuzelas, que causaram grande polêmica durante a Copa das Confederações no ano passado, ecoam no aparelho de TV. Parreira, que é bastante elogiado pela imprensa local, tem sua imagem focalizada a cada cinco minutos da transmissão.

Aos 21min, o narrador que também faz parte da torcida efusiva pelos Bafana Bafana vai à loucura com o gol de Tshabalala, ídolo do Kaizer Chiefs, uma das equipes locais. Com gritos impossíveis de se entender, ele narra o tento como se fosse o gol decisivo da conquista da Copa do Mundo. O segundo gol, marcado por Mphela, acontece menos de 10 minutos depois e é seguido novamente de gritos indecifráveis.

Porém, o momento de êxtase acontece com a bela jogada do terceiro gol, marcado novamente por Mphela aos 33min do primeiro tempo. "O jogo está terminado. A África do Sul está acabando com a partida. Mphela, Mphela", grita o locutor local.

No intervalo, bastante animados com o bom desempenho dos Bafana Bafana no primeiro jogo da série de amistosos antes da Copa, os apresentadores elogiam a equipe e mostram várias imagens da torcida. No começo, faixas do estilo "Mãe, estou aqui", como também é visto no Brasil. Até que um torcedor é focalizado, pulando e carregando um pão caseiro nas arquibancadas do estádio. Cena pouco imaginável em territórios brasileiros.

A animação do povo sul-africano é contagiante durante o segundo tempo, com um futebol bem mais sonolento do que o visto na primeira etapa. Porém, o entusiasmo da torcida e da equipe da SABC é compensado no final da partida, quando Modise acerta um passe milimétrico para o gol de Bernard Parker, um dos grande ídolos locais e atacante do Twente, da Holanda.

Sem dúvida, não foi o mesmo sentimento de estar no Mbombela Stadium, mas a transmissão mostrou com clareza o que se pode esperar da primeira Copa do Mundo em continente africano.