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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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No Corinthians sul-africano, Ronaldo bom é o luso e Timão usa amarelo

Não é o Parque São Jorge, mas a placa logo no portão de entrada avisa: "A casa do Corinthians". Aqui, a maioria dos jogadores no sabe as cores do Timão, nem imagina que o Flamengo eliminou a equipe da sonhada Libertadores no ano do centenário e acredita que o Ronaldo verdadeiro é aquele que veste a camisa 9 do Real Madrid. Este Corinthians Football Club está em Joanesburgo, não tem mais futebol profissional e em quase nada lembra o xará famoso do Brasil.


Ao contrário de Santos e Vasco, clubes da Cidade do Cabo que homenagearam os originais brasileiros, o Corinthians sul-africano não se inspirou no Timão quando nasceu em 1958. A origem é da Grécia, país natal dos fundadores: Corinthians é o nome de históricos guerreiros e uma ilha do país. Hoje, o time, que fica sediado dentro de um clube da comunidade grega (Greek Sporting Club), tem apenas divisões de base, com escolinhas e equipes sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19, num total de 560 jovens treinando.

- Todos aqui gostam do Corinthians do Brasil. Se perguntar aos jogadores qual o time deles no Brasil, vão dizer Corinthians. Quando Ronaldo foi contratado, todo mundo vibrou - disse Lucas Ioannides, diretor da academia de futebol do clube.

Thiago Dias / GLOBOESPORTE.COM)O GLOBOESPORTE.COM topou o desafio de Lucas e procurou os jovens do Corinthians de Joanesburgo para saber o que conhecem do Timão. Ao contrário do que o diretor prometeu, poucos sabiam muita coisa... Para a garotada, Ronaldo bom é o Cristiano.

- Conhece o Ronaldo? - perguntou a reportagem.
- O do Real? - respondeu Gregory, de 9 anos, filho de Lucas.
- Não, o outro - completou o pai.
- Ah, o gordo! - concluiu a criança.

Após a dica, Gregory lembrou que o Fenômeno está no Timão. E nada mais sabia do xará brasileiro. Mas seu pai também não passou no teste. Lucas disse lembrar de Sócrates e acompanhar alguns jogos do Corinthians na TV sul-africana (um canal passa o Campeonato Brasileiro), mas pecou em um detalhe básico.

- As cores? Branco e azul.

Errou. Assim como o goleiro Kouaango Samuel Valery, de 23 anos. Ele estava informado sobre as contratações de Roberto Carlos e Ronaldo, mas confundiu o Timão até com a seleção brasileira.

- A camisa é amarela.

Um pouco mais esperto foi o meia-atacante Drago Kazakov. Fã de Kaká e sonhando um dia jogar no Real Madrid, achava que Robinho estava no Timão, e não Ronaldo. Mas acertou as cores, com bela ajuda virtual:

- Vi no videogame (risos).

Ex-jogador profissional (com passagem pelo Paços de Ferreira, em Portugal) e atual diretor técnico do Corinthians, o búlgaro Plamen Kazarov é a exceção:

- O Corinthians é um dos maiores do Brasil. Tem Flamengo, São Paulo, Fluminense, Cruzeiro, Corinthians. Vi que o Ronaldo fez gol na estreia do Brasileiro (2 a 1 para o Timão, o Fenômeno marcou de pênalti). O Corinthians daqui é diferente do brasileiro, mas temos a mesma paixão: o futebol.

Time deixou o profissionalismo em 1979

Fundado em 1958 por gregos, o Corinthians de Joanesburgo chegou à Primeira Divisão em 1962. Em 1975, caiu para a Segundona e acabou encerrando as atividades do time profissional em 1979. Na época, ainda com o Apartheid em vigor, o clube jogava apenas com jogadores brancos, em uma liga separada da dos negros.

- Chegamos a contratar um negro, muito bom de bola, mas nos proibiram de usá-lo. Ameaçaram tirar nossa inscrição do campeonato - lembrou Lucas.


O Corinthians da África do Sul fica na sede do
"The Greek" (Thiago Dias / GLOBOESPORTE.COM)Desde 2009, o clube tem um acordo de parceira com o Black Aces, time de Nelspruit que disputa a Primeira Divisão. Dois atletas formados pelo Corinthians atualmente jogam no primo rico. Na quarta, durante a visita do GLOBOESPORTE.COM, técnicos e olheiros dos clubes grandes observavam jogadores durante um amistoso no estádio do xará do Timão, que um dia já chegou a receber cinco mil pessoas em partidas profissionais.

O Greek Sporting Club conta com quatro campos de futebol para treinamento, uma quadra coberta, seis vestiários e salão de festas. O clube fica ao lado de uma tradicional escola em um bairro nobre de Joanesburgo, de alto poder aquisitivo e com maioria branca (descendentes de portugueses e gregos). Mas os negros são bem-vindos. Dentro e fora de campo. A comissão técnica conta com um preparador nascido no Suriname e a equipe não tem separação racial.

- Fazemos várias peneiras aqui. Anunciamos sempre nos jornais. Isso aqui fica lotado, com mais de mil jovens.
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