Uma pesquisa realizada com 25 crianças, entre 8 e 14 anos, com queixa de dificuldade na aprendizagem, mostrou que elas apresentam registros da atividade do sistema nervoso auditivo menores e mais lentos do que o esperado.

A fonoaudióloga Ana Claudia Frizzo, autora do estudo, em declaração à Agência USP de Notícias, disse que essa alteração pode repercutir na qualidade do que a criança escuta e não na quantidade.

Com esta defasagem, as crianças que possuem este déficit tendem a sentir maior dificuldade em acompanhar as rotinas escolares. Em geral, aquelas com problemas de aprendizagem seguem a vida acadêmica com atraso em relação às sem transtorno e não desenvolvem o aprendizado esperado para a idade.

A orientadora da pesquisa, professora Carolina Araujo Rodrigues Funayama, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, também falou sobre o assunto. Para ela, os resultados mostram que existe uma falha no sistema nervoso auditivo, no processamento do que se escuta.

O diagnóstico dos transtornos de aprendizagem foi interdisciplinar e necessitou de avaliação e de parecer de médico neurologista, psicólogo e fonoaudiológico. Fizeram parte da pesquisa crianças atendidas no Ambulatório de Distúrbios do Comportamento e Atenção do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP).

No Brasil, acredita-se que cerca de 60% das crianças de 4.ª série não apresentam competências para a aquisição da leitura e escrita e a taxa de crianças que permanecem não alfabetizadas neste período é de aproximadamente 20%, segundo dados de 2003 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Essas dificuldades vão desde incapacidade total de leitura até dificuldade de interpretação do texto lido e acarretam prejuízo no desenvolvimento escolar.

Para diminuir este número, é necessário que pais e professores fiquem atentos a eventuais dificuldades de aprendizado das crianças. Muitas vezes este problema pode ser resolvido com tratamentos, evitando uma falha no desenvolvimento pessoal e intelectual destas pessoas.