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Sábado, 01 de junho de 2024

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Segurança cai para o segundo plano na eleição presidencial da Colômbia

Quase 30 milhões de colombianos foram convocados para comparecer às urnas neste domingo (30) para eleger o sucessor de Álvaro Uribe no primeiro turno de uma eleição presidencial que, ao contrário do que ocorreu nas últimas décadas, não teve a violência como o tema principal. Juan Manuel Santos, do partido de Uribe, e a surpresa Antanas Mockus, do Partido Verde, são os favoritos para disputarem o segundo turno, e estão tecnicamente empatados nas pesquisas de opinião.


Os oito anos do governo Uribe foram marcados por um intenso e bem sucedido combate ao narcotráfico e às guerrilhas, em especial, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Historicamente, o grupo guerrilheiro sempre causou uma significativa insegurança institucional no país. Nesta oportunidade, porém, os debates passaram a se pautar por tópicos mais cotidianos e próximos à população.

De acordo com especialistas consultados pelo G1, essa pluralidade temática ocorre porque a política de pulso firme de Uribe passou a ser questionada. “A prioridade política que norteou e deu enorme popularidade ao governo de Uribe parece ter chegado a um esgotamento nos últimos anos. Não que o problema dos conflitos tenha acabado, mas porque ele está razoavelmente sob controle. E também há outros temas a se discutir. Existe certo cansaço da opinião pública colombiana com essa opção monotemática em relação ao combate ao narcotráfico e aos grupos armados”, diz o professor Alberto Pfeifer, do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da Universidade de São Paulo (USP).

“O país identificou como alvo de atenção a questão da guerrilha, que até os anos 1950 era de cunho político. Depois, se transformou em um grupo criminoso que, aos poucos foi se utilizando de crimes correlatos como prática estratégicas: tráfico de drogas, armas e pessoas, seqüestros, tomada de propriedades, controle territorial à revelia do Estado e ao arrepio da lei. Hoje, as Farc se transformaram em uma organização criminal que deve ser combatida como tal”, considerou o cientista político.

Historicamente, o país tem um histórico político-eleitoral conturbado. Até meados do século XX, sofria com disputas armadas pelo poder entre os partidos Liberal e Conservador (coadjuvantes no pleito atual). “Desde então tem apresentado uma estabilidade política admirável, com transições democráticas entre eles. Uribe foi uma novidade nesse cenário porque o bipartidarismo esfacelou o quadro político colombiano nas últimas décadas”, afirmou.

Outro constante problema era a influência política e militar dos cartéis da droga, das guerrilhas e das milícias paramilitares. As Farc pediram na quinta-feira (27) aos cidadãos que se abstenham nestas votações. Segundo comunicado, a guerrilha diz que os nove candidatos "se esforçam para demonstrar submissão frente ao império, assumindo posições contra os vizinhos e de joelhos frente" aos Estados Unidos. “A guerrilha poderá promover atentados para valorizar seu papel político no país. Tudo parece ainda nebuloso, embora se possa, sem usar de um otimismo ingênuo, imaginar uma sucessão do poder dentro das normas constitucionais”, afirma Frederico Alexandre Hecker, professor de Ciências Políticas do Mackenzie.
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