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Sábado, 01 de junho de 2024

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'Não é por acidente que Polanski é uma lenda do cinema', diz McGregor

Enquanto o cineasta Roman Polanski segue preso em seu chalé de luxo na Suíça, à espera de uma decisão sobre sua extradição aos EUA para ser julgado por um crime sexual que cometeu em 1977, sua mais nova obra, “O escritor fantasma”, aporta nos cinemas brasileiros neste final de semana.


Adaptação do best seller “The ghost”, de Robert Harris (que assina o roteiro com o cineasta), o filme é estrelado por Ewan McGregor, no papel de um escritor que é contratado para redigir as memórias de um ex-primeiro ministro da Inglaterra (Pierce Brosnan). Durante o processo, no entanto, o personagem descobre segredos que colocam a sua própria vida em perigo.

Mesmo sem poder viajar ao festival, Polanski ganhou o prêmio de melhor diretor em Berlim por “O escritor fantasma”, e o filme foi bem recebido pela crítica americana. “Existem diretores que são muito bons tecnicamente e outros que são gênios artísticos. Roman Polanski é os dois. Não é por acidente ou coincidência que ele é considerado uma lenda na arte cinematográfica”, disse Ewan McGregor em entrevista a jornalistas da qual o G1 participou, em Los Angeles.

Pergunta - Como você se envolveu com o filme?
Ewan McGregor - Foi durante as filmagens de “Os homens que encaravam cabras”. Eu estava no Novo México ou em Porto Rico quando recebi o roteiro e um telefonema do meu agente, em Londres, dizendo que Roman Polanski queria me oferecer o papel. Assim, do nada, totalmente inesperado. Eu não conhecia pessoalmente o Roman, mas sempre o coloquei num pedestal, e como ele não faz mais tantos filmes, nunca havia imaginado que algum dia trabalharia com ele. Fiquei superanimado com o convite. Como eu ainda estava filmando e depois tirei férias com minha família, só fui conhecê-lo pessoalmente quando começamos as filmagens.


Ewan McGregor em cena de 'O escritor fantasma', de Roman Polanski (Foto: Divulgação)Pergunta - Como foi trabalhar com ele?
McGregor - Existem diretores que são muito bons tecnicamente e outros que são gênios artísticos. Às vezes, você tem a sorte de trabalhar com alguém que é os dois. E este é o caso de Roman Polanski. Não é por acidente ou coincidência que ele é considerado uma lenda na arte cinematográfica. Quando ele está no set, tudo gira em torno da ideia perfeccionista que ele tem sobre o resultado. Ele é rígido quanto a isso, tudo termina da sua maneira. Através de sua direção, Roman fez com que eu atuasse de maneira natural e me conduziu a buscar a verdade, os momentos reais.

Pergunta - Como você descreveria o estilo de direção de Roman Polanski?
McGregor - Ele é um perfeccionista. Tivemos vários problemas na ilha onde filmamos as cenas externas na praia. No começo das filmagens, o tempo estava péssimo, como deveria ser, mas depois foi melhorando. E quando muda o tempo, mudam as cores, muda a luz, e as imagens já não fazem mais sentido, ficam sem continuidade. Qualquer outro diretor continuaria com as filmagens e ajustaria as cores e a iluminação na pós-produção. Mas não o Roman, ele só filma quando estiver tudo absolutamente certo. Ele mudou a nossa agenda de filmagens. Fomos para Berlim, filmamos cenas em estúdio, até o tempo piorar de novo na ilha, e voltamos para a praia.

Outra coisa que achei diferente e interessante foi sua técnica de câmera. Nas cenas de close-up, ele não usa lentes de longo alcance, ele usa a grande-angular. Normalmente, para um ator, em uma cena destas, o diretor, a equipe, e a câmera estão a uma certa distância, o que te dá um espaço. Com o Roman, a câmera está bem na sua cara. Eu perguntei a ele por que ele adotou este estilo, e sua resposta foi que é assim que nós vemos o mundo. Acho que ele quer que o público se sinta dentro do filme, que se torne parte da história.

Pergunta - Qual é a sua visão sobre seu personagem em “O escritor fantasma”?
McGregor - Embora não haja muito escrito sobre ele nem no livro nem no roteiro, eu sempre tive uma visão muito clara do personagem, desde a primeira leitura do roteiro. Para mim, estava tudo lá: o seu senso de humor, sua maneira de ser, e foi assim que eu o retratei. Ele é um homem que não se impressiona com as pessoas ou situações. Ele é um “ghostwriter” (escritor anônimo contratado para trabalhar para outra pessoa) de livros piegas sobre celebridades. E há um certo elemento de fracasso aí: ele não assina, mas a sua essência está naquelas páginas.

Pergunta – Além de “I Love You Phillip Morris”, você fez outro filme sobre o universo gay, “Beginners”. O que pode falar sobre este filme?
McGregor - Eu adorei fazer. Foi uma ótima experiência. É a verdadeira história do pai de Mike Mills, que é o diretor do filme e o personagem que interpreto. Depois que a mãe dele morreu, o pai dele, aos 74 anos, lhe disse que era e que sempre foi gay, e resolveu sair do armário. Pelos últimos quatro anos da sua vida, ele viveu como um homem gay, tinha um namorado, dava festas badaladas e frequentava todos os estabelecimentos gays na Califórnia. Mas ao mesmo tempo em que vivia sua vida verdadeira, ele foi diagnosticado com câncer, e sua saúde foi deteriorando até morrer. Mike sempre esteve ao seu lado e o apoiava em tudo.

Para mim, o filme é dividido em duas partes: a história do pai (Christopher Plummer), vivendo a sua vida gay ao máximo, com o apoio do filho, e a segunda, que acontece uns dois ou três meses depois, quando o meu personagem, ainda sofrendo com a morte do pai, conhece e se apaixona por uma atriz francesa (Melanie Laurent). Ainda de luto e triste, ele comeca a se apaixonar e sentir o amor. Acho muito interessante como temos estas duas coisas opostas acontecendo no filme.
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