O desaparecimento do menino John Lennon, 6, completa no dia 9 de junho sem explicação. O sumiço tornou-se um dos casos mais intrigantes dos últimos anos em Barra do Garças. O garoto era autista e estava na Casa de Apoio Crisálda, de responsabilidade da Prefeitura, porém ele teria sido supostamente retirado do abrigo e levado embora.

O mistério é que ninguém sabe como isso ocorreu. Os funcionários na época disseram à polícia que John Lennon tomou café com os coleguinhas e depois ficou brincando no pátio do abrigo. Somente na hora do almoço, as monitoras sentiram falta do menino.

A polícia investiga o caso, mas até hoje não conseguiu explicar o desaparecimento. As hipóteses são de que ele foi raptado ou morto, porém até hoje não foi encontrado nenhum vestígio do corpo da criança próximo ao abrigo. O caso acabou virando um tabu, pois as autoridades se esquivam e preferem não falar sobre o assunto.

O Ministério Público do Estado por inúmeras vezes disse que iria aconselhar a Prefeitura retirar o abrigo do setor Recanto das Acácias, por ficar próximo à mata e a um córrego oferecendo risco para as crianças. Todavia, isso não ocorreu. Para amenizar a situação, a Prefeitura construiu muros altos, o que acaba dando um ar de “presídio”.

O primeiro promotor que acompanhou o caso, Luis Fernando Pepino, pediu a transferência imediata do abrigo para outro lugar. A promotora Carla Marques Salati informou que instaurou dois inquéritos civis para apurar eventuais responsabilidades, com relação ao desaparecimento do menor e também para verificar as condições estruturais do abrigo.

Em novembro, a promotora convocou a secretária de Ação Social, Laura Beatriz, para celebrar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para adequar o abrigo da Prefeitura às normas do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O sumiço de John Lennon mexeu com a sociedade de Barra do Garças virando tema de um vídeo no Youtube que criticava as autoridades políticas da cidade mencionando o desaparecimento do menino do abrigo. A crítica se deve ao fato que antes a casa de apoio funcionava no centro da cidade e tinha formato de um “lar” com quartos, salas e áreas de recreação com governantas. Todavia a nova gestão preferiu transferir o abrigo para o prédio de uma escola abandonada perto de um córrego e de uma mata.

A mãe Elis Regina se culpa até hoje pelo fato de ter deixado o menino sozinho para trabalhar e o estado lhe tirou a guarda na época. “O estado tirou meu filho, mas depois sumiu com ele e eu nem sei se ele está morto”, desabafa. O delegado Adilson disse que já foi atrás do padrasto do menino, pois surgiu um comentário de que John Lennon estaria vivo e quem sabe com o padrasto em algum lugar em Ribeirão Cascalheira.

No próximo dia 9, várias homenagens vão acontecer pela cidade na lembrança de John Lennon. Cartazes e fotos foram espalhados por Mato Grosso e pelo Brasil na expectativa de receber informações do que realmente aconteceu.