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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Bola da Copa tira o sono dos jogadores

Pelo menos todo mundo parece satisfeito pela bola oficial da Copa do Mundo não ser retangular.


De qualquer maneira, goleiros gostam menos da bola da Adidas do que Diego Maradona gosta de repórteres e fotógrafos. Para o crédito dos goleiros, porém, eles ainda não atiraram nas bolas com espingardas de ar ou as atropelaram com seus carros.

Basicamente, a bola está sendo criticada por ser muito leve e muito curvilínea, como uma modelo que come de menos e passou por cirurgias plásticas demais.

Altitude e tecnologia não apenas provocam estresse nos goleiros, mas também fazem as bolas irem longe demais em cruzamentos, fazendo algumas cabeçadas serem perdidas por meio metro, disse Marcus Hahnemann, goleiro reserva dos Estados Unidos e homem não dado a meias palavras."Tecnologia não é tudo", disse Hahnemann na quinta-feira. "Cientistas vieram com a bomba atômica, não quer dizer que deveríamos tê-la inventado".

A Adidas batizou a bola da Copa do Mundo de Jabulani, que aparentemente em zulu quer dizer "ofensa a goleiros".Na verdade, não. O nome quer dizer na verdade "celebrar". Mas esse sentido se perdeu para os rapazes entre as traves.

"Um desastre", disse o goleiro da França Hugo Lloris.

Iker Casillas, da Espanha: "Parece uma bola de praia".

Da Itália, Gianluigi Buffon: "Vergonhoso".

David James, da Inglaterra: "Terrível".

"A pior com que joguei", Fernando Muslera, do Uruguai, disse com uma vaia.

A bola foi desenhada para ser mais modernosa que um álbum do Beach Boys, feita de painéis de poliuretano moldado com um toque aderente e projetada para dar máximo controle no chute. Ela foi testada em túneis de vento. Robôs golpearam a bola para simular chutes livres e escanteios. As namoradas e esposas festeiras dos jogadores da Inglaterra levaram-na para sair e se embebedar.

Certo, talvez essa última parte nunca tenha acontecido. Mas, ao escutar a promoção de tirar o fôlego da Adidas, você acaba pensando que o único teste pelo qual a bola não passou foi um engavetamento automotivo na competição de Daytona.

Ah, e existe um objetivo maior para a Jabulani que vai além de meramente chutá-la para dentro da rede. Suas 11 cores simbolizam os 11 jogadores em campo e as 11 línguas oficiais da África do Sul.

"O design colorido reúne a imensa diversidade do país em uma unidade harmônica", afirma a Adidas em seu website.Isso se opõe a uma unidade desarmônica, que é a resposta dos goleiros.

É claro, alta e baixa tecnologias sempre foram usadas para manipular equipamentos esportivos e produzir efeitos desejados. O Colorado Rockies armazenou bolas de beisebol em um umidificador para conservá-las num voo transatlântico no ar rarefeito de Denver. Times da liga americana de hóquei guardam os discos do jogo num congelador para reduzir sua fricção com o gelo. Jogadores de futebol americano batem nas bolas alongadas do esporte como sacos de pancada para torná-las mais maleáveis. Alguns colocam as bolas em secadoras, e há notícias de gente que as coloque no forno microondas.

No futebol, ninguém quer repetir a Copa do Mundo de 1990, quando houve tão poucos gols que teias de aranha cresceram nas traves. Tim Howard, o novo goleiro americano, também não gosta da bola da Adidas, mas entende as necessidades competitivas do esporte e do entretenimento.

"Acho que sei como o negócio funciona", disse Howard."Jogos sem gols não chamam atenção. A bola fica só se movendo por todo lado. Creio que aprendemos há muito tempo como goleiros que não existe desculpa. Você precisa descobrir o movimento da bola. Se ela se movimenta muito, então você precisa tirá-la do caminho errado, não ser engraçadinho ou espertinho demais com ela. É uma questão de adaptação".

Em partes menos afluentes do mundo, jovens crescem jogando futebol com bolas feitas de camisetas velhas e sacolas de plástico. Sissi, uma estrela do Brasil na Copa feminina de 1999, costumava chutar a cabeça de suas bonecas. Então, adaptar-se a um modelo top de linha não deve ser algo absurdo.

Como disse o então técnico americano, Bruce Arena, a repórteres na Copa de 2002: "É uma bola. Da última vez que chequei, ainda era redonda. Se eles a deixarem quadrada, vou começar a me preocupar".

Mesmo assim, é a obrigação dos goleiros reclamar. Acontece em toda Copa do Mundo. Talvez seja porque os gols sejam tão poucos e valorizados. E porque os goleiros fiquem tão sozinhos e vulneráveis e seu trabalho seja tão destrutivo: obstruir, impedir, desfigurar a obra de arte sendo pintada por todo mundo.

Suas queixas, porém, parecem ter pouco mérito. A marcação de gols diminuiu, não o contrário, ao longo das décadas de copas do mundo, do pico de 5,4 gols por jogo em 1954 para 2,3 em 2006.

A Adidas respondeu aos críticos dizendo que atacantes e goleiros terão melhor ideia de onde a bola está indo do que com qualquer outra bola.

"Se olharmos para a história, sempre houve críticas sobre a bola antes da Copa do Mundo, mas não tanto depois dela, depois de vermos os gols incríveis e as belas defesas", disse Thomas van Shaik, porta-voz da Adidas, à Associated Press.

O time americano treina com a bola há quase três semanas. O técnico Bob Bradley não parece extremamente preocupado, embora certo tempo seja necessário para se ajustar à curvatura e descida da bola de altitude."Se você chutá-la corretamente, você não precisa acertá-la o mais forte possível, apenas chutando com precisão, você consegue um bom direcionamento", disse Dempsey. "Isso causa problemas ao goleiro. A única coisa é que você precisa prestar mais atenção nos detalhes quando passa a bola. Se cometer mesmo que seja um pequeno erro, você vai parecer bem tonto".

James, o goleiro americano, parece conformado com a Jabulani.

"É horrível, mas é horrível para todo mundo", disse.

Talvez ele ligue para os Rockies e peça um umidificador.
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