O menino virou menina e Londres e a Terra do Nunca foram reunidas no mesmo palco para o musical Peter Pan, em cartaz no HSBC Brasil nos dias 5 e 6 de junho, São Paulo, em curta temporada.

A história, inspirada no clássico do dramaturgo escocês James Matthew Barrie e que fala sobre a vida de um garoto que não envelhece nunca, recebeu um toque de "2010" e ganhou caráter de superprodução, com efeitos em 3D, pirotecnia, telões de apoio, recursos de levitação, gelo seco e iluminação, fatores essenciais para manter a atenção das crianças da nova geração durante 1h30 de espetáculo.

Músicas, coreografias, figurinos, diálogos e cenários giratórios foram trabalhados para transportar o público, predominantemente infantil, para as cidades onde a história é retratada. A "cereja do bolo" fica por conta dos vídeos em 3D, exibidos em um telão que desce ao palco todas as vezes que há mudanças de capítulos.

Uma das curiosidades da peça, que passa despercebida pelas crianças, é o fato de Peter Pan ser interpretado por uma menina, Laura Matins, que consegue dar a valentia e sagacidade necessária ao personagem. Nem mesmo a peruca rosa utilizada no processo de caracterização fizeram o público notar o "truque" da produção.

O drama e o humor presentes no texto e na força de interpretação dos atores contagiaram as crianças e os pais, que também mergulharam no lúdico da narrativa e chamavam a atenção dos filhos para os detalhes do espetáculo. Com forte participação da garotada, que, por vezes, tentava intervir na encenação para avisar os personagens dos perigos que estavam correndo, a peça é recheada de mensagens de amor e paz, trabalhadas em linguagem adulta, porém pouco rebuscada, para garantir o entendimento geral.

Humor garantido
Apesar de o texto ter vários momentos de humor, quem rouba a cena é a personagem Faísca, uma pirata anã que pertence à trupe do maldoso Capitão Gancho, inimigo de Peter Pan.

O líder dos piratas, que teve uma das mãos engolida por um crocodilo, dando espaço a um gancho de metal, facilmente se irrita com os membros de sua tripulação. O ponto alto de sua ira se dá no momento em que pega sua arma e atira em direção ao provocador de seu estado de humor, mas quem acaba "morto" é a anã, prontamente retirada de cena pelo amigos.

Na cena seguinte, Faísca ressurge na trupe, mas morre todas as vezes que Gancho é contrariado.

Cachimbo da paz
Uma das cenas que poderia ser considerada como a parte mais bonita e emocionante do espetáculo acabou deixando muitos pais confusos na plateia.

No momento em que Peter Pan e os meninos perdidos se aliam à tribo de índios, é feito um ritual de comemoração, com direito ao "cachimbo da paz", fator que selava a união entre os grupos.

A música, coreografia e alucinações foram exageradas em torno de um item politicamente incorreto para o público alvo do espetáculo. Peter Pan e as demais crianças fumavam o tal cachimbo e, ao tragar, o desejavam cada vez mais.

Toda a festa em torno do fumo e o comportamento feliz dos atores ao terem acesso ao objeto de desejo fizeram alguns pais torcerem o nariz para a mensagem passada na cena.

Poderia ser melhor
O óculos fornecido pelo HSBC Brasil para ser utilizado nos vídeos em 3D é pouco confortável e o tamanho não é apropriado para o rosto de uma criança.