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Quinta-feira, 09 de maio de 2024

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A volta de Antônio Palocci

Em fevereiro, logo após a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, despontar em alta nas pesquisas, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel passou a ser apontado por colegas de partido como forte candidato a “futuro chefe da Casa Civil do governo Dilma”. A despeito da longa distância que separa a expectativa de vitória desses petistas de um êxito nas urnas em outubro, a “nomeação” servia para ilustrar o grau de amizade entre Dilma e Pimentel – e a influência dele na campanha dela. Ambos se conhecem há quatro décadas.


No mês passado, Dilma voltou a subir nas pesquisas e, pela primeira vez, empatou com seu principal adversário, José Serra (PSDB), na liderança. Desta vez, no entanto, Pimentel, o único coordenador da campanha petista ao Planalto indicado diretamente por Dilma, está em posição menos confortável. Nas projeções futuras ou de poder na campanha, Pimentel foi eclipsado pelo ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, colocado na campanha a mando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um exímio arrecadador de recursos.

Quem contribuiu para destruir as pretensões de Pimentel foi, ironicamente, a equipe que ele próprio montou para comandar a estratégia de comunicação de Dilma. O jornalista Luiz Lanzetta, com folha corrida de serviços prestados a Pimentel, se afastou da chefia de comunicação da campanha na semana passada, depois de ter se envolvido na investigação de denúncias sobre os negócios da empresária Verônica Serra, filha de Serra, e numa desastrada operação para espionar adversários dentro da própria campanha do PT.

Serra responsabilizou Dilma por montar um “dossiê” contra ele, a exemplo do que ocorrera em 2006, no escândalo dos aloprados (nome que eternizou o episódio da compra pelo PT de denúncias contra Serra durante sua passagem pelo Ministério da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso). “A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff. Disso eu não tenho dúvida, assim como o principal responsável pelo dossiê dos aloprados foi o Aloizio Mercadante (candidato ao governo de São Paulo em 2006)”, afirmou Serra na quarta-feira. Um dia depois, o PT anunciou que entrará na Justiça contra Serra.

Dossiês, arapongas, aloprados... Ops! Eis que o léxico típico das campanhas eleitorais retorna ao noticiário. Essas palavras sempre vêm cercadas de histórias nebulosas, típicas do submundo em Brasília. Em geral, alguém quer derrubar outrem por meio de grampos, quebras de sigilo e expedientes investigativos que parecem extraídos das páginas de romances policiais. No caso atual, um policial com toques de malícia, comédia – e um forte teor político.

Desbastadas as nuvens, os reflexos da disputa de poder na campanha de Dilma são bastante concretos. Palocci, o petista mais identificado com uma política econômica mais ortodoxa, já aparece na linha de frente. O fortalecimento de Palocci na campanha também dá claros sinais de que Lula não está disposto a aceitar uma autonomia total de Dilma, seja na busca pelos votos, seja no eventual exercício do poder. Se Dilma vencer, será quase inevitável a volta de Palocci num ministério forte.

Luiz Lanzetta, contratado pelo PT, se reuniu com arapongas para montar a “inteligência” da campanha
Palocci entrou para o núcleo da campanha de Dilma no final do ano passado. Ele dividia a coordenação com Pimentel e com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. A habilidade política, os contatos com empresários e, em especial, a relação com Lula deram a Palocci, em pouco tempo, um papel de destaque. Cordato e paciente, Palocci tem intimidade com Lula e costuma falar com ele antes de todas as reuniões da coordenação. Sua ascensão à liderança do staff da candidata coincidiu com o momento em que Lula, insatisfeito com os rumos dela, em abril, tornou públicas críticas ao desempenho de Dilma em entrevistas na televisão – área que ficara sob a responsabilidade de Pimentel.

Puxados por Palocci, outros petistas avançaram para posições próximas de Dilma. Entre eles, o deputado estadual Rui Falcão, do PT de São Paulo, e Valdemir Garreta, ex-secretário da gestão Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo entre 2001 e 2004. Falcão, ex-jornalista, foi indicado por Palocci, em abril, para assumir um papel de coordenação na comunicação. Garreta é hoje sócio de uma empresa de assessoria de imprensa que presta serviços ao PT paulista e também à campanha.

Falcão e Garreta também estão no epicentro do conturbado episódio das investigações que visavam atingir Serra, reveladas na sexta-feira 28 por um blog na internet. Foi esse episódio que derrubou Lanzetta e seu padrinho Pimentel do núcleo da campanha de Dilma. Amigo de Dilma desde os tempos em que atuavam em organizações clandestinas de esquerda, nos anos 60, Pimentel continuará a ajudá-la e participará de reuniões na campanha, mas terá papel secundário. Acuado, ele viu-se também obrigado a desistir da ambição de concorrer ao governo de Minas Gerais. Abriu mão da candidatura para o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) e disputará o Senado, como Lula queria.

Para reconstituir o episódio, ÉPOCA ouviu na semana passada gente ligada à Lanza Comunicação, a empresa de Lanzetta, e à campanha do PT. Os relatos diferem em alguns pontos, mas o enredo é praticamente o mesmo. Há dois meses, Lanzetta convidou o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ex-repórter do jornal O Estado de Minas, conhecido por suas reportagens de tom investigativo, para integrar um “núcleo de inteligência”. A primeira tarefa dada por Lanzetta a Ribeiro Jr.: contatar alguém para fazer varreduras telefônicas no comitê de Brasília.
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