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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Policiais 'gordinhos' passam por dieta na Cidade do México

Os coletes à prova de balas mais parecem corseletes, de tão apertados. Os cintos que seguram a arma se escondem sob a barriguinha. Os policiais do México podem não pegar tantos bandidos quanto deveriam, mas tem a reputação de raramente deixar passar uma barraquinha de tacos.


Na extensa capital do México, onde policiais e vendedores de taco proliferam, oficiais corpulentos se tornaram um problema tão grande que a corporação começou a monitorar não apenas o número de multas emitidas pelos policiais ou de bandidos presos, mas também as calorias consumidas por eles.

Para emagrecer uma força da qual três quartos dos mais de 70 mil policiais são considerados acima do peso, foi imposta uma dieta bastante austera nos refeitórios de departamentos oficiais. Em vez das 4.000 calorias que os policiais costumavam consumir nos refeitórios, os 1.300 oficiais mais pesados agora recebem cerca de 2.500 calorias por turno (as necessidades calóricas variam de pessoa para pessoa, mas, para a maior parte da população, cerca de 4.000 calorias por dia estão mais para gula do que simplesmente satisfazer barrigas famintas).

O Dr. Alfredo Peniche, que gerencia o programa médico do departamento, descreveu as opções diversificadas do cardápio sob o novo e austero plano de alimentação, incluindo fajitas de frango, feijão e bife com cogumelos e nopales (tipo de fruto do cacto), embora não tudo em uma só refeição.

As autoridades reconhecem que os policiais ainda poderão fazer um lanchinho durante o serviço, burlando facilmente as diretrizes alimentares do departamento. “Temos que aceitar que a cultura do lanche está presente na maior parte da população, e os policiais também têm esse hábito”, disse Peniche. Mas o departamento ainda espera inculcar melhores hábitos na força policial.
Os mexicanos em geral estão alargando rapidamente a circunferência da cintura. O Departamento de Saúde do México afirmou, em um relatório lançado este ano, que os níveis de obesidade no México só perdem para os dos Estados Unidos, e o problema é especialmente acentuado entre os jovens.

O problema não são apenas as porções grandes. Os mexicanos não se exercitam o suficiente, dizem as autoridades, e um estudo recente de saúde, realizado pelo governo, descobriu que os mexicanos consomem quase duas vezes mais que a quantidade de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde, levando a índices elevados de hipertensão, doenças cardíacas e insuficiência renal, além da obesidade.

Muitos policiais da Cidade do México apóiam os cardápios mais saudáveis. Relatórios iniciais dão conta de que as circunferências da cintura estão diminuindo. Porém, há ainda muitas trapaças, já que policiais admitem complementar sua nutrição oficial com comida da rua – tacos bem recheados, tortas, quesadillas e huaraches, tudo isso com refrigerante.

“É bom perder peso”, reconheceu Crescencio Aguilar, 48 anos, veterano que há 18 anos atua na polícia de trânsito e pesa mais de 90kg. Ele tem uma barriga saliente e foi entrevistado perto de uma barraquinha que vendia tacos e quesadillas, cujo aroma se espalhava pelo ar. “Mas a verdade é que sempre fui gordinho, desde criança, e vai ser difícil largar os velhos hábitos”.
Então ele deu o que se pode descrever como uma boa risada que vem da barriga.

No entanto, a equipe do departamento médico da polícia diz que o problema é sério. A barriguinha dos policiais não só afeta seu desempenho no trabalho, tornando impossível para eles correr atrás de criminosos astutos, mas também aumenta sua exposição a várias doenças que podem encurtar o tempo de vida. Mesmo assim, os hábitos alimentares não podem ser modificados da noite para o dia.

“Não podemos dizer a eles que não comam sanduíches ou tacos”, Nora Frias, policial de alto nível hierárquico, disse aos repórteres ao anunciar a dieta. “O que podemos dizer é que, se eles comerem sanduíche hoje, se comerem três tacos hoje, que pelo menos equilibrem com alguns vegetais”.

A Cidade do México não é o único lugar com policiais gordinhos. Um estudo feito em Tijuana e lançado em 2004 descobriu que quase todos os 530 policiais estavam acima do peso e que 42% eram obesos. Os níveis de colesterol e pressão arterial também estavam altos demais, descobriu o estudo.

Problemas similares foram relatados em Monterrey, onde uma análise geral do departamento descobriu muitos policiais corruptos, mas muitos mais que estavam acima do peso demais para fazer seu trabalho de forma eficaz.

Em Aguascalientes, uma cidade no centro do México, as autoridades recorreram a incentivos financeiros para ajudar os policiais a perder peso, oferecendo a eles 100 pesos, ou 9 dólares, para cada quilo emagrecido. O programa foi recentemente interrompido, segundo oficiais, porque a força policial perdeu um peso considerável.

Aguilar, o corpulento policial da capital, disse que sua mulher o ajuda no esforço de perda de peso ao esconder biscoitos, bolinhos e outros doces em casa. O departamento cortou as calorias das refeições concedidas a ele. Os sanduíches ficaram mais finos e seu refrigerante foi substituído por água. Em vez de lanches cheios de açúcar, Aguilar agora recebe uma fruta.

Porém, quando ele está nas ruas administrando o trânsito, é difícil não fazer um lanchinho. O ronco de seu estômago, contou Aguilar, o obriga a deixar seu cruzamento de vez em quando para comer mais um sanduíche com refrigerante.

“A verdade é que você morre de fome se fizer dieta”, ele disse.
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