Olhar Direto

Sábado, 11 de maio de 2024

Notícias | Agronegócios

exportação

Alta do iuane ajuda empresas que vendem para chineses

A decisão da China de flexibilizar o câmbio de sua moeda, o iuane, pode afetar o destino de várias empresas no longo prazo e ser um benefício para aquelas que pretendem...

A decisão da China de flexibilizar o câmbio de sua moeda, o iuane, pode afetar o destino de várias empresas no longo prazo e ser um benefício para aquelas que pretendem vender para consumidores chineses, enquanto complica a vida das que apostam em exportar a partir do país considerado a fábrica do mundo.


O anúncio do governo chinês, sábado, de que vai mudar a política cambial e a previsão de que isso resulte numa valorização do iuane não devem ter um impacto imediato sobre o resultado da maioria das empresas.

O banco central chinês deixou claro que qualquer movimento do iuane vai ser gradual, e economistas acham que o BC vai ser muito cauteloso enquanto a situação da economia mundial continuar incerta. Analistas em geral esperam uma alta de 2% a 5% em relação ao dólar nos próximos 12 meses.

Mas com o tempo, um iuane mais forte vai, na prática, aumentar o poder de compra dos chineses, ajudando empresas voltadas ao consumidor como a gigante de bebidas Coca-Cola Co., a montadora General Motors Co., e a fabricante de celulares Motorola Inc.

Esse aspecto também pode ser uma benesse para empresas que alimentam a demanda industrial da China, tais como as fabricantes de equipamentos para construção Caterpillar Inc. e Komatsu Ltd., ou mineradoras como a BHP Billiton ou mesmo a Vale SA.

A China já se tornou um mercado essencial para várias multinacionais. Trata-se do maior mercado do mundo para carros, celulares, cerveja e minério de ferro. A China respondeu por 16,6% do faturamento da fabricante americana de microchips Intel Corp. no ano passado, tendo subido 13,8% em dois anos.

A China é um grande mercado para as exportações da Caterpillar, a maior fabricante mundial de equipamentos para construção. A empresa americana também tem uma forte base industrial no país, que vende para o mercado chinês a maior parte de sua produção.

"Acreditamos que, com o tempo, uma valorização da moeda chinesa vai promover exportações dos Estados Unidos para a Chna", disse Rich Lavin, executivo da Caterpillar responsável por mercados emergentes.

Outros executivos também estavam refletindo sobre como a nova política cambial pode afetar seus negócios na China. Um porta-voz da fabricante americana de carnes Tyson Foods Inc. disse que a companhia "não vai especular sobre o impacto".

Cerca de US$ 442 milhões do faturamento da Tyson em 2009 vieram de exportações para a China assim como de suas operações neste país. David Salmonsen, um especialista em comércio exterior da Federação Americana de Agricultura, uma entidade setorial de Washington, disse que o iuane mais valorizado "seria uma ajuda para tornar nossas exportações mais competitivas, mas se a moeda chinesa se ajustar também em relação à moeda de outros países, pode ser que nenhum país tenha vantagem para suas exportações".

A Yum Brands Inc., que tem cerca de 3.500 restaurantes KFC e Pizza Hut, entre outros, na China e que tem aberto quase um novo ponto de venda por dia no país, obteve 30% de sua receita no primeiro trimestre deste ano no mercado chinês. Outras companhias também se beneficiariam de um iuane mais forte porque suas vendas na China vão valer mais quando convertidas para dólar.

As exportações do Brasil para a China subiram 36,36% em maio em relação ao mesmo mês de 2009. A maior parte foi, como de costume, de matérias-primas, como soja e minério de ferro. Se o consumo na China subir graças a uma alta do iuane, é provável que a demanda por essas exportações brasileiras cresça.

Já os EUA tiveram uma alta de 42% em suas exportações para a China nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período de 2009, e elas podem crescer ainda mais com a valorização do iuane.

Tanto o Brasil quanto os EUA vinham fazendo pressão para a China pôr fim à indexação de sua moeda ao dólar, alegando que a política desvalorizava o iuane artificialmente.

A crítica era que, com o iuane desvalorizado, os exportadores chinesas ganhavam uma vantagem porque podiam cobrar menos em dólar no exterior e ainda assim gozar de lucros mais fortes quando convertiam o faturamento para a moeda local, com que pagam despesas importantes como salários e prestações de serviços.

Um iuane mais forte também pode ajudar montadoras multinacionais que montam e vendem carros na China, disse Yale Zhang, um analista baseado em Xangai da consultoria americana IHS Automotive. A Volkswagen AG, a BMW AG e outras estão construindo linhas de montagem na China para dar conta da demanda crescente. Essas montadoras tendem a importar até metade das peças que usam em suas fábricas chinesas.

O iuane mais forte reduziria o custo dessas partes, e também pode reduzir o custo de importar carros acabados para venda na China. Um iuane mais forte é uma "ótima notícia" para essas companhias, diz Zhang.

Economistas do China International Capital Corp., um banco de investimentos chinês, estimaram recentemente que, mesmo dentro da China, a alta do iuane terá mais benefícios do que prejuízos. Mas certamente que os exportadores do país vão sofrer porque seus produtos ficarão mais caros em dólar.

A CICC disse num relatório em março que as empresas chinesas mais prejudicadas por um iuane valorizado devem ser as fabricantes de confecções e equipamentos para escritório, que têm uma margem magra e quase todos os custos em iuanes.

Analistas da CICC estimaram que essas empresas podem ter queda de 1% no lucro se o iuane subir 5% ante o dólar. Isso poderia arranhar varejistas multinacionais como a americana Wal-Mart Stores Inc. ou a francesa Carrefour, que compram muito da China, embora ambas as companhias estejam se tornando beneficiárias do crescente poder de compra do consumidor chinês.

Uma revalorização do iuane "pode gerar uma transferência de riqueza dos exportadores para os consumidores chineses", disseram analistas do Credit Suisse num relatório em abril.

O governo chinês têm mantido o iuane atrelado ao dólar desde julho de 2008, quando o enfraquecimento da economia mundial estava se intensificando, em grande parte por causa de seu temor de um possível impacto nefasto sobre exportadores - especialmente os menores, que respondem por uma boa parte do crescimento do emprego na China.

Uma alta do iuane "de magnitude muito pequena poderia causar mudanças fundamentais" para exportadores, disse o vice-ministro do comércio da China, Zhong Shan, ao Wall Street Journal em março.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet