Os partidos da base aliada da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), em Minas Gerais iniciaram uma movimentação para garantir espaço para o Estado no primeiro escalão do governo da petista. Se até aqui PT, PMDB, PCdoB, PR e PRB eram reticentes quanto a indicações de nomes e cobrança de vagas, um encontro realizado nesta segunda-feira serviu para escancarar os interesses do Estado.
Dois nomes são colocados em alta cotação para integrar o governo a partir de janeiro de 2011. O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ex-ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, correm disparados na frente. Mas o grupo que ajudou a então presidenciável a se eleger com folga no Estado já pensa também em nomes de menor calibre para atuar em áreas como o Ministério dos Transportes ou o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT).
Trata-se de duas áreas reconhecidas como a "galinha dos ovos de ouro" em qualquer governo, já que movimentam muito dinheiro e dão visibilidade eleitoral. No caso do ministério, principalmente, por ser responsável por tocar obras de grande vulto no setor viário.
Num almoço realizado entre os dirigentes das siglas aliadas, realizado em Belo Horizonte, as fatias começaram a ser preparadas para, já na próxima semana, serem encaminhadas à presidente eleita. Além de nomes, Dilma receberá reivindicações de obras consideradas fundamentais para Minas já a partir do próximo ano.
O grupo também discutiu as possíveis alianças já para 2012, quando acontecem eleições municipais, e 2014, para a disputa ao governo do Estado. Ninguém fala abertamente, mas nos bastidores é cristalino que a grande preocupação do grupo partidário é se fortalecer para barrar o poder de fogo do senador eleito, Aécio Neves (PSDB). "Se não delimitarmos nosso espaço, ele o fará e se colocará como 'pai' das obras que o governo federal fizer em Minas", disse um dos presentes ao encontro, após o almoço.
Daí a medida já anunciada pelos partidos de, na terça-feira (16), ser concluída a carta com as principais obras a serem tocadas, entre elas, a duplicação da BR-381, construção do Rodoanel em BH, além da ampliação do Aeroporto de Confins e do Metrô da capital.
"Conterrânea Dilma"
Com a manobra, petistas, peemedebistas e aliados que vêm a reboque põem em prática o que já era esperado: a apresentação da fatura pela "lealdade e dedicação" à mineira Dilma Rousseff durante o embate presidencial. Não por acaso o documento a ser endereçado à futura presidente terá o título de "Carta de Minas à conterrânea Dilma". A ideia é que o Estado figure como agente central de tomada de decisões. Para isso, no entanto, - por mais que os dirigentes neguem que exista uma sede desenfreada por cargos -, teriam que contar com indicações pontuais de mineiros para postos estratégicos.
"Minas tem que estar representada nos ministérios e queremos colocar nossos quadros à disposição. Agora temos o 'time da Dilma' no Estado. Estamos unidos em prol de Minas Gerais", declarou o presidente do PT-MG, Reginaldo Lopes.
O dirigente arrisca, inclusive, a dizer que a expectativa é ter no mandato da ex-ministra da Casa Civil um grupo mais coeso no Estado do que aquele que atuou nos oito anos de governo do presidente Lula. Desde já, Lopes trata de por panos quentes em possíveis rixas internas entre PT e PMDB. "Não há qualquer desconforto, temos que estar unidos", avisa.
Apesar do chamado de paz, os cacos da derrota da coligação entre as duas siglas para a disputa ao governo do Estado este ano ainda estão sendo recolhidos. Por isso, a intenção é apaziguar os ânimos entre os membros do grupo o mais depressa que for possível.
As razões são claras. Petistas e peemedebistas passaram boa parte da campanha acusando uns aos outros de não se dedicarem de corpo e alma à candidatura de Hélio Costa (PMDB), que perdeu a peleja para o tucano Antonio Anastasia, reeleito governador graças à atuação do seu padrinho político, Aécio Neves.
