Após ficar mais de 20 horas pendurado em um penhasco em Altinópolis, no interior de São Paulo, e receber alta do hospital na manhã desta terça-feira (9), o ajudante de serviços gerais Alexandre Ferreira, de 37 anos, disse ter aprendido uma lição. "Não saio mais sozinho e sem celular”, disse ele, que ficou preso a uma fenda, pendurado, e não conseguiu chamar por socorro.
Ferreira só foi localizado após um amigo realizar uma busca e avisar as autoridades. Ele foi resgatado de helicóptero pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar na segunda-feira.
Com arranhões na perna e muitas picadas de insetos, Ferreira que já tinha passeado no local onde sofreu o acidente com o irmão, disse que decidiu no domingo ir tomar um banho de cachoeira. Como o irmão estava ocupado, decidiu ir sozinho. “Eu me perdi na mata. Fui andando, andando. Pisei em falso e cai de uma altura de mais ou menos 20 metros. O problema foi que na queda eu bati a cabeça e desmaiei. Devo ter ficado uma hora desacordado. Quando acordei, eu não lembrava mais de nada”, contou.
Ele ficou em uma espécie de fenda. E não conseguiu dormir. “Tinha sede, fome, mas os insetos não me deixavam dormir. Passei um apuro danado”, disse.
Ferreira teve arranhões e muitas picadas de
insetos (Foto: Letícia Macedo/G1)Alexandre Ferreira chegou a pensar que ia morrer. "A paredona era grande demais para escalar.” Os irmãos chegaram a procurá-lo no domingo à noite, mas voltaram sem encontrar sinais do homem.
Na segunda-feira pela manhã, o entregador de leite José Nascimento de Jesus, de 51 anos, passou na casa do irmão de Alexandre e ficou sabendo do desaparecimento de Alexandre.
“Abandonei tudo e fui procurá-lo. Nessa hora é que a gente vê quem é amigo”, disse o entregador de leite. Questionado como conseguiu localizá-lo, José Nascimento de Jesus afirmou: “É Deus que vai guiando”.
Ao ouvir o barulho do carro de Nascimento, Alexandre disse que começou gritar por socorro. “Ouvi só uma voz bem longe. Ele estava fraco”, afirmou o amigo.
Foi o entregador de leite quem jogou a primeira garrafa d’água com a ajuda de um cipó para ele e quem pediu ajuda para retirá-lo do local. “Ele estava tremendo muito”, afirmou. O dia estava quente. “Estava com tontura, com câimbra”, lembrou.
Após todo o apuro vivido, Ferreira, além do "aprendizado", saiu com a certeza de uma amizade especial. “Ele só pode ser o meu anjo da guarda”, resumiu.