Das 12,6 milhões de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, 1,7 milhão já possuem conta corrente simplificada na Caixa Econômica Federal. Para ampliar este universo, buscando estratégias e mapeando desafios, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) está debatendo “A inclusão financeira das famílias de baixa renda no Brasil”. O tema integra o II Fó rum Banco Central sobre Inclusão Financeira, que reuniu, nesta semana, em Brasília, representantes de governo, de bancos, operadores, técnicos nacionais e internacionais e pesquisadores.
Segundo o diretor do Departamento de Benefícios do MDS, Anderson Brandão, um dos efeitos da desigualdade, no Brasil, é a falta de acesso aos serviços financeiros. “Criamos o Projeto de Inclusão Bancária, que coloca à disposição da população de baixa renda, gratuitamente, contas bancárias simplificadas. São contas para as quais se exige apenas um documento com foto, sem a necessidade de comprovação de renda ou de endereço”, salientou. “O objetivo é que as famílias possam ter um l ocal seguro para receber seu benefício, separar uma parte, poupar, se acharem necessário, fazer compra a débito e depositar algum dinheiro ao longo do mês”, explicou. Brandão coordenou os painéis sobre inclusão financeira organizados pelo Ministério, na última quinta-feira (18), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Os debates reuniram especialistas internacionais, como Julie Zollman, do Bankable Frontier, dos Estados Unidos, além de pesquisadores e integrantes de instituições como a Caixa Econômica Federal, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). Eles discutiram as barreiras de acesso e utilização de serviços financeiros pela população de baixa renda e as iniciativas de inclusão destas famílias no sistema financeiro.
Inovação – Para o professor e pesquisador do Centro de Estudos em Microfinanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lauro Emílio Gonzales Farias, o mercado financeiro pode oferecer produtos e serviços para a população mais pobre. “Inovação no microcrédito é tudo. Fatores como empréstimos em grupo e o uso da tecnologia em um modelo de negócio inovador podem facilitar. O uso do celular na logística de pagamento dos beneficiários do Bolsa Família é exemplo de iniciativa que pode reduzir drasticamente o cu sto das transações”, disse. “E, para a obtenção de informações destinada à oferta de produtos e serviços, nós, brasileiros, temos um banco de dados importantíssimo, que é o cadastro das quase 13 milhões de famílias do Bolsa Família”, destacou. “O valor estratégico dessas informações e o potencial enorme de inclusão financeira que existe a partir do uso desse banco de dados possibilitam ao Brasil dar esse grande salto em termos de oferta de serviços para população de baixa renda”, ressaltou.
O II Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira tem a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e MD