Desde que cheguei em Cuiabá, em meados dos anos 80, ouço dizer que Mato Grosso é a California brasileira. De fato, desde, então, o Estado se transformou no maior produtor de soja, de algodão, segundo em arroz e possui o maior rebanho bovino do país. E, a partir, principalmente, do governo Dante de Oliveira (1995-2002), Mato Grosso vem verticalizando a sua economia, deixando de ser apenas exportador de "comodities".
O que chama atenção é que o processo da verticalização não se dá apenas com a vinda de grandes empresas para o nosso Estado. Destaca-se algumas genuinamnete mato-grossenses que estão ganhando espaço tanto no cenário estadual, como nacional e até internacional. Registra-se, por exemplo, a Bimetal (metalurgia), Anhambi (frango), Excelência (suino), Delicus Fish (peixe), a Amaggi (grãos), a City Lar (eletrodoméstidos), a Marajá (refrigerantes), a Summer (material de limpeza) etc.
A Amaggi se instalou em Roterdã, na Holanda, para conquistar mercado europeu com a soja mato-grossense não transegenica. Tem tudo para dar certo. Uma jogada ousada e inteligente do ponto de vista de marketing. Já a Bimetal, além do Brasil, exporta para vários países as estruturas metálicas de telefonia e energia e agora está entrando no continente africano, A Anhambi exporta para a China e a Excelência para a Rússia.
Mas não é dessas empresas que pretendo dar destaque na coluna de hoje. Dias atrás, encontrei um produto novo de pescado no Big Lar (até o momento somente neste supermercado é comercializado). A empresa chama-se Nativa, instalda em Sorriso, a 400 quilômetros de Cuiabá. Me chamou a atenção a qualidade e, por curiosidade, comprei uma porção de pintado para experimentar. A qualidade é muito superior aos demais produtos existentes no Estado.
A Nativa surgiu, segundo informações, do interesse de parentes do ex-secretário de Indústria , Comércio e Mineração, Alexandre Furlan, em investir no setor de pescado. A idéia inicial era implantar o projeto em Tocantins, mas devido a seu pedido, foi transferido para Sorriso e conta como sócio o empresário Mauro Mendes, dono da Bimetal e candidato derrotado ao governo do Estado, que teria 20% das ações da empresa.
Para conquistar o mercado, a empresa investiu na qualidade. Todo o peixe, com exceção da Tilápia, chega ao local de "abate" vivo como nos frigoríficos de aves e de bovinos. O peixe, seja pintado, tambaqui, etc, é colocado na esteira e, com uma descarga elétrica, é morto e, depois, industrializado. Diferentes das outras empresas, não chega congelado para a industrialização.
Quem experimentar o produto da empresa, mesmo aqueles cuiabanos mais exigentes, vai aprovar o sabor do pescado. Não quero criticar as outras empresas, mas a verdade é que os produtos da Nativa não tem aquele gostinho, digamos, de terra dos peixes de tanque.
Esse fato me chamou a atenção. Não sou exigente como os cuiabanos (repito) e, talvez, esteja exagerando. Porém, acredito que se a Nativa manter o padrão vai conquistar, rapidamente, o mercado. Afinal, na minha opinião, pescado é o setor mais promissor da nossa enconomia. Enquanto, um hectare de soja dá R$ 1 mil de lucro para o produtor, um hectare de peixe rende R$ 7,2 mil, ou seja, seis vezes mais.
Não sou garoto propaganda da Nativa. Não conheço e nunca vi os seus principais acionistas, a não ser Mauro Mendes. No entanto, acho que temos que valorizar o que é mato-grossense. Acredito que podemos, com nossos produtos, com a nossa capacidade de trabalho, conquistarmos os mercados interno, nacional e internacional.
Parodiano o presidente do Estados Unidos, Barack Obama, o homem mais poderoso do planeta, podemos dizer: "Yes, we can", ou seja: "Sim, nos podemos". Por que não os produtos mato-grossenses, industrializados aqui, conquistarem o mundo?
Posso ser um sonhador, mas como a City Lar, que nasceu em Mirassol D'Oeste, na região da Grande Cácerees, e se transformou numa das maiores empresas do setor do Brasil, acredito que vamos, em breve, muitas outras empresas, além daquelas que citei acima, conquistando Mato Grosso, o pais e o Planeta.
