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Sábado, 18 de maio de 2024

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Músicos eruditos ouvem e avaliam metal do Slayer, que toca em SP

Foto: Divulgação

Músicos eruditos ouvem e avaliam metal do Slayer, que toca em SP
A ideia de que vai “chover sangue” nesta quinta-feira (9) em São Paulo é uma metáfora que deixa muito roqueiro da cidade feliz. Para quem não conhece o grupo americano de thrash metal Slayer, entretanto, a frase, referência a um dos maiores clássicos do estilo, fica perdida e pode até assustar - desnecessariamente.


Para metaleiros, Slayer representa uma das maiores referências de som pesado de todos os tempos, com guitarras velozes, vocal rouco e agressivo, baixo e bateria em sincronia perfeita - tudo em alto volume e com muito barulho. São 30 anos de carreira, com mais de dez álbuns lançados e clássicos do thrash metal, que fazem da banda uma das “grandes 4” do estilo, junto a Metallica, Anthrax e Megadeth.

Para essas pessoas, talvez não haja muita novidade ao dizer que a banda volta a se apresentar em São Paulo nesta quinta-feira (9), com a turnê World Painted Blood - elas provavelmente já sabem, e vão ao show.

Para apresentar a banda que compôs “Raining Blood” aos não-iniciados na barulheira agressiva do metal, que deixa tantos fãs em êxtase, o G1 convidou três músicos eruditos para avaliar músicas que fazem parte do repertório que o Slayer apresenta na atual turnê.

A impressão deles ao ouvir ao som do grupo pela primeira vez é de que há muita “repetição” e “simplicidade”, uma música “primal”, com “caráter hipnótico” e tocada por “músicos muito competentes”.

O maestro Gil Jardim, a maestrina Claudia Feres e o violonista erudito Fabio Zanon deixaram claro que não costumam ouvir heavy metal e que não querem fazer juízo de valor do estilo de música de que outras pessoas gostam, nem disputar que estilo é melhor. A análise deles é propositalmente superficial, simples e distante, mostrando a impressão inicial de pessoas que conhecem música clássica ao escutar a banda pela primeira vez.

'Eles gostam de Mi bemol!'
Regente titular e diretora artística da orquestra municipal de Jundiaí, a paulistana Claudia Feres nunca tinha ouvido falar em Slayer até o convite do G1. Ela aceitou escutar duas músicas das mais famosas já gravadas pelo grupo: “Seasons in the abyss” e a já mencionada “Raining blood”, e não ficou muito convencida. “Meu mundo é bem distante desse do heavy metal. Não me atrai. Não me faz muito bem.”

Segundo ela, as músicas têm um perfil “muito repetitivo, monotônico". "Rítmica e melodicamente muito pobre”, disse. “A base das duas músicas é muito parecida. Parece que há um cuidado em encontrar essa sonoridade dura e árida, uma sonoridade pesada que traga sentimentos de dor e sofrimento. (Eles gostam de Mi bemol!)”, completou.

'Grande batera'
Fabio Zanon contou que já tinha ouvido falar da banda, mas nunca tinha escutado nenhuma das suas músicas. Após ouvir "World painted blood" e "Angel of death", ele fez elogios à bateria do Slayer e à “cozinha”, como costuma-se chamar o casamento sonoro dela com o baixo.

“A bateria é muito interessante. O cara é criativo, pois as duas músicas são em compasso binário, muito repetitivo, e o cara consegue fazer coisas diferentes, mudar muito os formatos. Se não fosse a bateria, o som ia ficar muito primário”, disse. Segundo ele, toda a produção é muito interessante e profissional, mas a sonoridade é “primal, lembrando música ritual, primitiva, com caráter hipnótico”, disse. “Música em compasso binario sempre lembra marcha.”

Segundo Zanon, “World painted blood” usa uma espécie de modo cigano que “é interessante, foge um pouco à expectativa de harmonia padrão que eu esperava nesse gênero e realça o caráter lúgubre da música.”

O violonista erudito fez questão de ressaltar que não é conhecedor do estilo. “Um gênero desses tem de ser julgado dentro de sua própria esfera sócio-cultural. Não dá pra se julgar tomando como parâmetro Beethoven ou com Tom Jobim, é outro departamento”, disse. “Não é que eu não tenha respeito e não admita qualidades musicais, simplesmente não tenho o componente antropológico pra me identificar”, completou.

Excentricidade planejada
Para o diretor artístico da Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo e diretor artístico da Philarmonia Brasileira, o maestro Gil Jardim, o Slayer é um grupo muito profissional com ótimos músicos e que faz da personalidade radicalmente excêntrica um negócio competente e bem planejado.

“Poderia definir a música feita pelo Slayer, assim como grande parte do rock, como rudimentar se a compararmos com obras produzidas ao longo da história da música clássica ocidental, ou mesmo com a música popular brasileira ou pelo jazz americano”, disse, em texto enviado a pedido do G1.

“Suas músicas trazem letras elaboradas estritamente dentro da linha que caracteriza o grupo, com temas e expressões escolhidas em busca de ‘objetos de uma realidade pervertida, da obsessão além dos sonhos selvagens...’ Na verdade, jamais se perde de vista a busca por um “êxtase permanente”, seja qual for o tema: a morte, a guerra, o sexo, a droga.... E sob esse ponto de vista, o som que tende a ser sempre eletrizante em sua pulsação, em seus decibéis, é coerente esteticamente”, completou.

“Devemos ter claro que, para manter essa linha de ‘excentricidade infinitamente arrojada’ é necessário trabalhar com planejamento, com acuidade, com sagacidade. É um negócio. Esse é o produto da banda Slayer, construído, bem ensaiado (os músicos são muito bons) e, mais que vendido, comprado pela imensa multidão que os acompanham ‘enlouquecidamente’. Naturalmente, o mise en scène é particular, assim como em cada um dos outros estilos musicais”, disse, defendendo o gosto alheio e alegando ser inútil gerar uma disputa sobre qual estilo é “melhor” de que o outro.

Para quem ficou convencido de que vale conhecer, o Slayer toca às 22h, no Via Funchal, em São Paulo. Os ingressos custam de R$ 150 a R$ 250.

Serviço:
Bilheterias da Via Funchal: R. Funchal, 65 – Funcionamento: diariamente, das 12h00 às 22h00
Informações: 3846-2300Vendas Online: www.viafunchal.com.br
Ingressos para grupos: comercial@viafunchal.com.br
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