A demora no entendimento entre a deputada estadual Luciane Bezerra e o deputado federal Valtenir Pereira, presidente da executiva estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB), pode ter gerado danos irreparáveis à sigla em Mato Grosso. Por conta de alianças fechadas pelo parlamentar na base eleitoral da deputada, sem nem ao menos consultá-la sobre o assunto, levou-a à decisão de subir em palanque oposto ao do PSB em alguns municípios na eleição municipal de 2012.

“É como se o Valtenir tivesse entrado na minha casa sem pedir licença e mudado os móveis de lugar. Ele me procurou neste domingo (4) e conversamos bastante a respeito da garantia do meu espaço, porém as perdas que eu tive junto a alguns municípios que integram a minha base e os danos causados por conta disso, não tem como reparar. Já avisei a ele, que por conta de alianças fechadas sem me consultar, em municípios da minha base, nas próximas eleições estarei em palanque oposto”, disse.

Um dos municípios onde esse racha deve acontecer é em Colniza. Lá, o presidente do diretório municipal do PSB é marido da prefeita e candidata à reeleição, Nelci Capitani, filiada ao PSD. Na região, a disputa entre dois grupos políticos, o de Luciane e o marido dela, Oscar Bezerra, ex-prefeito de Juara, com o do deputado estadual José Riva, fundador do PSD em Mato Grosso, é bastante acirrada.

“Imagina. Minha política não se faz sozinha e as pessoas que me elegeram jamais iam aceitar que eu subisse no mesmo palanque do Riva”, alfinetou ela, ao lembrar que em política, quem não tem lado também não tem credibilidade.

A deputada Luciane Bezerra explicou que teve uma longa conversa com Valtenir neste domingo e que ele garantiu-lhe o espaço que reivindicara na executiva estadual. Ela vai assumir a Secretaria da Mulher, além disso poderá indicar mais quatro pessoas para cargos dentro do diretório, e terá autonomia para falar em nome da agremiação junto à sua base eleitoral, composta por 35 municípios da região norte do Estado.

A parlamentar disse que chegou a procurar a executiva nacional do PSB para denunciar a maneira centralizadora como Valtenir vinha tratando a gestão do partido em Mato Grosso, a ponto de nem convidá-la para o congresso estadual da agremiação e outros eventos partidários. O prazo final para que essas dificuldades fossem resolvidas expirava ontem, data em que ele resolveu procurá-la para conversar.