O juiz federal Julier Sebastião estreou nesta semana como o mais novo blogueiro do ciberespaço e o primeiro magistrado de sua esfera em Mato Grosso a mostrar a cara na internet.

A página Blog do Julier já conta com dois posts, um inaugural e outro com um comentário do próprio Julier a respeito das relações diplomáticas Brasil – Estados Unidos.

Há também um espaço para decisões judiciais que já publica duas postagens representativas da carreira do magistrado. A primeira é de 2002 e decretou à época a prisão temporária, requerida pelo Ministério Público Federal (MPF), do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro. É a decisão inaugural da operação “Arca de Noé”, como aponta o próprio juiz.

A segunda, que ganhou tanta repercussão quanto a primeira, é de 2003 e determinou à União que submetesse os viajantes norte-americanos ao entrar no Brasil aos mesmos procedimentos a que os brasileiros estavam sendo submetidos ao entrar nos Estados Unidos a partir de janeiro de 2004, com base na reciprocidade diplomática.

Outra seção do blog é o espaço dedicado a dicas de leitura, na qual estão sugeridas as obras “Cara, cadê meu país?”, do documentarista norte-americano Michael Moore, de “Tiros em Columbine”, e o polêmico “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O Blog do Julier se apresenta com a proposta de constituir um espaço de aproximação do público com o poder Judiciário e foi divulgado pela própria Seção de Comunicação Social da Justiça Federal. “Juízes pioneiros lançaram-se ao desafio de construir caminhos na internet, mediante blogs, sítios específicos e redes sociais, rompendo barreiras edificadas ao longo de séculos entre o Estado e o cidadão. É um caminho sem volta!”, exclama o magistrado em seu texto de abertura.

Política

Porém, inevitavelmente, o lançamento do blog atiça as especulações em torno do nome de Julier no pleito municipal deste ano, pois é justamente nesta época de ano eleitoral que começam a se evidenciar as iniciativas de popularização dos nomes por meio de estratégias comunicacionais. Exemplo foi a candidatura bem sucedida do ex-procurador e atual senador Pedro Taques (PDT), que investiu na internet, especialmente nas mídias sociais, em sua campanha.

Soma-se a isso o fato de que, devido ao prestígio conquistado na carreira de magistrado (principalmente em conjunto com Pedro Taques no combate ao crime organizado atribuído a João Arcanjo Ribeiro), Julier tem sido assediado pelas siglas para entrar na política.

Para isso, em um primeiro momento ele teria de abrir mão da magistratura em um prazo de seis meses antes da data das eleições e se filiar a algum partido. Mas até hoje ele não manifestou opção pela política, mesmo com todo assédio: além de já ter sido incentivado pelo próprio Taques, Julier foi sondado pelo PMDB do governador Silval Barbosa e recebeu convite informal do prefeito de Cuiabá, Chico Galindo, para ingressar no PTB.

No meio do assédio, porém, o que se sobressai é o PT, com o qual, comenta-se, Julier teria maior afinidade ideológica e cujos líderes já o procuraram numa reunião visando um projeto para o palácio Alencastro este ano. Inicialmente, conta-se que Julier recuou afirmando pretender apenas exercer uma boa magistratura, mas não descartou a idéia.