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Sábado, 27 de abril de 2024

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adesão forçada

Reitora ignora conselho e estudantes

Foto: Youri Pardal

Reitora ignora conselho e estudantes
A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia Cavalli Neder, decidiu aderir ao novo Enem e ao Sistema de Seleção Unificada, à revelia do órgão deliberativo máximo da instituição, o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe). A ação, permitida pelo estatuto da universidade, apenas em ocasiões de emergência, foi tomada devido à invasão dos estudantes ao prédio da Reitoria. A decisão foi anunciada em uma coletiva a imprensa, realizada  na sede da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT).


Em seu discurso, antes da entrevista, a reitora inteirou que considera a decisão como democrática, já que o Consepe foi ouvido outras vezes e acenou apoio a proposta. Ela ainda diz que entrou em contato com quase todos os conselheiros pouco antes de anunciar a decisão e recebeu menção de apoioda maioria à proposta.

Contudo, a cada vez que respondia sobre o número de conselheiros que aprovaram a proposta, uma nova quantidade é fornecida. Inicialmente, Maria Lúcia cita que seriam mais de 23 para suscitar mais de 50% do conselho. Esquecendo que seriam necessários ao menos 25 já que o número de membros do Consepe é de 49, não 26 como explanou por diversas vezes. Em outro momento surgiu o numero de 16, nove menos do que metade do conselho.

Falta de democracia – Quando questionada por um estudante da UFMT, presente na coletiva sobre a falta de debates e esclarecimentos sobre o Sistema de Seleção Unificada, a reitora se isentou de responsabilidade. Ela disse que a Reitoria cumpriu a parte que lhe cabia ao realizar dois debates públicos e vir discutindo desde março com o Consepe a respeito da nova proposta.

Quando acusada de faltar com a democracia, um dos pilares de sua campanha pela reitoria, Maria Lúcia considera que há uma interpretação diferente do termo entre Reitoria e estudantes. Ela cita a filosofa alemã Hannah Arendt, para explicar que" só se tem democracia quando se respeita as instituições organizadas", assim consultar os conselheiros foi suficiente para uma decisão democrática. Para a reitora cabia a eles consultarem suas bases dentro da faculdade e expressarem a decisão das mesmas.

“O movimento estudantil entende que debate amplo só se dá em assembléia universitária, mas nós não. (...) Democracia se faz a partir dos órgãos colegiados”, disse a reitora antes de explicar que se quisessem os estudantes poderiam pedir para seus representantes no conselho votar por um adiamento da decisão, possibilitando assim mais tempo para discussão acerca do assunto.

Truculência – A reitora reclamou ainda da atuação "truculenta" dos estudantes. “Fizeram gestos aos que fazem parte do conselho que não tenho coragem de repetir frente às cameras por vergonha”.

Ela lembra os estudantes impediram uma primeira reunião entre reitoria e Consepe, impossibilitando ela de ouvir os representantes das mais diversas bases da universidade. Na ocasião foi marcada outra reunião a ser realizada em 48h, a que deveria ter sido realizada hoje, e novamente foram impedidos. Sendo assim considera culpa deles, a tomada de decisão sem uma reunião com o conselho.

“Estamos fazendo isso porque fomos obrigados por um segmento minoritário de estudantes. (..) Ainda tivemos a preocupação de ligar para quase todos (os conselheiros) e tivemos apoio.”

Maria Lúcia faz ainda um apelo para que os estudantes desocupem o prédio da Reitoria. Pois estão impedindo o trabalho não só da reitora, mas também dos pró-reitores.

Posição marcada – A reitora, que já defendia publicamente a adoção do novo sistema de seleção, discursou em pról da democratização do acesso a universidade. Ela manifestou a opinião de que o novo sistema beneficia a classe trabalhadora.

Segundo ela, o Sistema de Seleção Unificada põe em condição de igualdade o cidadão de baixa renda, com aquele que viaja até oito cidades para prestar vestibular. “O estudante vai poder prestar vestibular em cinco universidades diferentes sem sair da própria cidade”, explicou Maria Lúcia.

Questionada se o novo método não facilitaria que a universidade se torne alvo de estudantes de outros estados, a reitora lembra que grande parte das vagas dos cursos mais concorridos já são ocupadas por pessoas de fora. Contudo, ela ressalta que a universidade como primeira opção, terá um peso maior,  e que o estudante de outro estado dificilmente marcará a universidade daqui como primeira opção.

Apoio – Maria Lúcia ressalta que recebeu o apoio de 28 escolas estaduais em todo Mato Grosso e das duas mais importantes entidades estudantis: A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Rarikan, representante da UBES presente no local da coletiva, disse que a entidade decidiu em nível nacional apoiar a proposta. Ele ainda fala que o modelo considerado ideal pela UBES é o vestibular ‘seriado’, onde o aluno prestaria provas no primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio. Segundo ele, este modelo é apoiado pela reitoria da UFMT e deverá ser apresentado ao Ministério da Educação.


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