Ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot afirmou nesta quarta-feira (25) que não vai polemizar com o presidente regional do PR, deputado federal Wellington Fagundes, segundo o qual o ex-comandante do órgão federal mantinha relações próximas com a empresa Delta Construções S/A, chegando ao ponto de indicar um diretor. A Delta nega qualquer indicação de Pagot.

“Não vou entrar em polêmica com ele (Fagundes). Só vou falar na CPMI”, declarou Pagot em entrevista exclusiva ao Olhar Direto, referindo-se ao depoimento que pode prestar à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instalada para apurar supostas relações promíscuas do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas, especialmente a Delta (que chegou a ser detentora de 80% dos contratos para prestação de serviços ao PAC - Programa de Aceleração do Crescimento país afora).

A criação da CPMI constitui contexto para a declaração de Pagot, que se desligou do PR na última segunda-feira. Após interceptações telefônicas da Polícia Federal (PF) terem evidenciado a simbiose mantida pelo contraventor Cachoeira com a construtora Delta para se beneficiar de contratos com o governo, o escândalo provocou turbulência no PR (controlador do Ministério dos Transportes) e Pagot chegou a revelar que o deputado federal Wellington Fagundes certa vez o pressionou para que “pegasse leve” com as exigências da Delta sobre o trabalho de duplicação realizado na rodovia BR-163 (no trecho da Serra de São Vicente).

Fagundes reagiu afirmando que o ex-colega de partido ainda deverá lhe pedir desculpas.

Provocada pela reportagem do Olhar Direto, a Delta em Mato Grosso, por meio do gerente Fábio André Barbosa da Silva, negou que Pagot ou qualquer outro político de Mato Grosso tenha feito indicação de diretores para a empresa. Entretanto, o deputado Wellington Fagundes afirmou que Pagot teria indicado Acácio Falcão – arregimentador da campanha de reeleição de Adilton Sachetti (ex-PR, atualmente no PDT) em Rondonópolis. "Eu mesmo o entrevistei (Acácio) e não recebi recomendação com ninguém", assegura Fábio Silva.

Na avaliação de Pagot, há em curso uma tentativa clara de setores do PR, de lobistas e até de integrantes do governo Dilma Rousseff (PT) de desqualificá-lo em virtude de seu eventual depoimento à CPMI, que poder ser um dos mais elucidativos.

“Por isso, minha postura nesse momento é a de me resguardar, evitar polemizar e deixar para o momento certo os esclarecimentos que forem necessários”, ressaltou o ex-diretor do Dnit.


Primeira atualização às 22h38